Homilia - 09/08/2015 - 19º Domingo do Tempo Comum
Hoje, nesta celebração eucarística, estamos prestando nossa homenagem aos pais. Muitas palavras são ditas e escritas por ocasião do Dia dos Pais. Não quero, neste momento, multiplicar estas palavras. Apenas uma palavra quero dizer a vocês, pais: PAI, VOCÊ É MUITO IMPORTANTE!
E quando alguém é importante, a gente pergunta logo: Importante para quem? Você, pai, é importante para quem?
A resposta é simples. Você, pai, é muito importante para os seus filhos, você é muito importante para a sua esposa. Importante você é para a sociedade toda.
O pai sempre é o ídolo de seu filho ou de sua filha. Quando criança, a gente vive nessa dependência do pai e a gente acredita em tudo o que o pai fala. A criança acha que o pai sabe tudo e, é claro, acha também que ele pode tudo. Mesmo depois de adultos, o pai nos acompanha como referência e apoio. Tradicionalmente o pai é visto como o esteio do lar. Essa função, naturalmente, é partilhada pela mãe. Mas, no imaginário geral, é o pai que garante o pão da família.
Sim, pai você é muito importante. Você é muito importante para Deus. Deus escolheu você como parceiro para transmitir a vida. Pai e mãe são os continuadores do ato criador de Deus. A corrente da vida segue exatamente por essa transmissão da vida dos pais para os filhos.
Pai, sabemos que sua vida é uma doação, uma vida cheia de sacrifícios. Olhando a vida dos pais, certamente, esta vida não é um mar de rosas, não é simples nem tranquila. Quantos pais gostariam de dar o melhor para os seus filhos e não o podem. Quantos pais gostariam de ter um emprego melhor para garantir o bem-estar para a família e não o conseguem. Quantos pais gostariam de passar mais tempo com a família e seus filhos e não o podem, porque o emprego ocupa todo o tempo de segunda-feira até sábado. E quando chega o final de semana, quantos pais são obrigados a fazer um serviço a mais para garantir a sobrevivência.
Quantas vezes, a sua vida de pai e a nossa, também, é semelhante à vida do profeta Elias quando nos sentimos desanimados e cansados, que chegamos a dizer: “Chega, eu não aguento mais!”. Elias passa por uma crise, chega o desânimo, a ponto de perder o gosto pela vida e chega até a pedir a morte. Sozinho e longe de todos, só Deus é sua força. Mas um anjo vem em socorro de Elias, alguém enviado por Deus. Ele ouve uma palavra de ânimo – “levanta-te!”- e recebe um alimento que lhe dá força. Elias retoma o longo caminho até a montanha de Deus.
Como os filhos imitam o pai, assim São Paulo, na segunda leitura, diz aos pais que sejam imitadores de Deus: “Sede imitadores de Deus, como filhos que ele ama” (Ef 5,1). Pelo simples fato de ser pai, o homem já se torna imitador de Deus. Mas, conforme o dito popular, “não basta ser pai, tem que participar”. Por isso a leitura prossegue “vivei no amor” (Ef 5,2). Esta frase poderia ser o lema de todo pai. “Viver no amor” significa viver sempre amando. “Viver no amor” é comportar-se como pai responsável. “Andar no amor” é agir como Jesus Cristo agiu. Ele é o modelo. Por isso o texto de Ef 5,2 completa: “Viver no amor, assim como Cristo também nos amou e se entregou a si mesmo por nós a Deus”. O mesmo texto da leitura de hoje acrescenta algumas sugestões concretas para “viver no amor”. Afastar “toda a amargura, irritação, cólera, palavra pesada e toda espécie de maldade” (Ef 30,31). “Sede bons uns para com os outros e compassivos. Perdoai-vos mutuamente, como Deus nos perdoou por meio de Cristo” (Ef 30,32).
Não é preciso fazer esforço para olhar ao nosso redor e perceber quantas pessoas vivem amarguradas, irritadas; quantas pessoas que cultivam a cólera, a raiva em seus corações e em seus pensamentos.
Lá no início do Evangelho, Jesus pedia aos judeus que não murmurassem. Murmurar significa reclamar, viver resmungando, viver insatisfeito com tudo e com todos, a ponto de tratar a todos na base de gritarias, como diz a 2ª leitura, e com injurias ou, para melhor compreender, com palavrões e xingamentos.
Olhemos um pouco para nós mesmos. Olhe para si mesmo, olhe para dentro de seu coração e se pergunte: será que nós, homens e mulheres, nascemos para viver deste modo, sempre descontentes, sempre irritados, com raiva dentro da gente, sempre brigando com os outros? É claro que não! A maior prova disso é que Jesus veio até nós para trazer vida abundante; veio até nós, como ouvimos no Evangelho, para nos alimentar com o Pão Vivo, com a própria vida de Deus.
Jesus é o pão descido do céu. “Eu sou o pão descido do céu”. E ainda diz que ele é “o pão da vida”.
Jesus se compara ao pão, que é o alimento mais popular na sua cultura e praticamente no mundo inteiro. Sabemos da importância que tem o pão na alimentação da humanidade. E conhecemos também os dramas da falta de pão na mesa de muitos lares. Jesus é um pão imperecível, isto é, um pão que alimenta e nunca termina. Isso por ser o pão vivo descido do céu. Sendo pão vivo, não conduz à morte, como o nosso pãozinho. Sendo descido do céu, eleva nossa natureza ao nível da própria divindade
Mesmo assim, o pão com que você alimenta a sua família não se restringe ao alimento material, este pão é muito mais.
É o pão da sua amizade quando você brinca com seus filhos e quando você é o amigo a quem os filhos confidenciam seus segredos.
É o pão da sabedoria que comunica a experiência de sua vida explicando aos filhos o sentido da vida e interpretando os fatos do mundo.
É o pão do diálogo que você partilha com os filhos nas conversas gostosas e nas palavras de carinho.
É o pão do seu exemplo de honestidade e retidão.
É o pão da compreensão e do perdão.
Como é saboroso este pão da amizade.
Parabéns a vocês que são pais. Tenha coragem, tenha muita coragem e dê o primeiro passo para alimentar sua vida e a sua casa com paz e com alegria.
Parabéns a você que é pai e está cansado, preocupado, com problemas para resolver, não entregue os pontos, não tenha medo da vida, sempre existe um caminho novo depois das dificuldades.
Parabéns aos pais que vivem na alegria, que curtem seus filhos e sua esposa. Que Deus os abençoe para que sejam sempre assim.
Parabéns a todos os pais, lutadores ou cansados, fortes ou debilitados, alegres ou em busca da paz. Vocês merecem nosso abraço e nossa prece. Deus vos abençoe. Amém!
Frei Gunther Max Walzer, Ofm