Homilia - 18/10/2015 - 29º Domingo do Tempo Comum
Hoje, celebramos o “Dia das Missões”. O tema escolhido para o Mês Missionário é “Missão é servir” e o lema da Campanha Missionária 2015 é: “Quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos”, que é a conclusão do Evangelho que ouvimos, neste domingo. Fazer-ser servidor, colocar-se a serviço da vida é assim que a Igreja nos ensina a entender a missão.
Os textos litúrgicos deste domingo nos falam concretamente da missão nossa como discípulos de Jesus Cristo.
Jesus está caminhando em direção a Jerusalém, anunciando o que lá o espera. Os dois discípulos, João e Tiago, pedem a Jesus para estar um a sua esquerda e outro a sua direita quando estiver em sua glória. Os outros dez discípulos não gostaram nem um pouco desta conversa.
Mais uma vez, nos deparamos com Jesus remando contra a corrente. Do ponto de vista humano, nada de mais há na atitude dos filhos de Zebedeu. Afinal de contas, é muito humano aspirar aos primeiros lugares e ter empregos de prestígio. No fundo, todos trazemos dentro de nós um desejo de poder; um instinto, digamos, de querer mandar nos outros. Este é o nosso primeiro pensamento ao ouvir as leituras.
Mas será que nós nos comportaríamos melhor do que os dois discípulos? Será que nossas comunidades estão vacinadas contra comparações e competições? Será que tudo o que fazemos é mesmo por espírito de serviço, e não pelo desejo de ser reconhecidos como os melhores? Trabalhamos de graça para a Igreja, ou para alguma outra instituição comunitária sem interesse pessoal? Isso é bom! Mas será que, já que não vamos receber pagamento em dinheiro, ficamos esperando ansiosamente que nos paguem em outra moeda (prestígio, elogios, cargos...)?
Jesus deixa bem claro que ele não está formando um grupo para ter honrarias e boa vida. Não promete o lugar especial que Tiago e João pedem: o lugar de cada um no céu não é como os cargos que os políticos oferecem a seus cabos eleitorais. Em vez disso, Jesus mostra o lado difícil da coisa: é preciso estar disposto a beber do mesmo cálice que lhe vai ser oferecido, ou seja, é preciso entregar-se tanto à missão salvadora como o próprio Jesus.
Os dois rapidinho dizem que aceitam o que der e vier. Será que sabem o que estão dizendo? Será que nós hoje sabemos o que significam mesmo os compromissos assumidos com Jesus e na vida?
O tema escolhido para o Mês Missionário é “Missão é servir”.
O cristão deve dispor-se a fazer da sua vida um serviço alegre a Deus e aos irmãos, sem esperar recompensas. O “orgulho” do cristão deve ser servir como Jesus serviu.
O nosso serviço deve ser feito com humildade e, se por acaso alguém faz algo que merece aplauso, seja humilde. “Quando for elogiado, sorria e pense que Deus vê o interior” [São José Marello].
Neste Dia Mundial das Missões, perguntamos: O que significa ser missionário hoje? Significa comunicar e anunciar o amor de Deus num mundo tão desorientado, num mundo onde há tanta violência, num mundo que procura prestígio e homenagens, num mundo marcado pela arrogância e disputa, num mundo onde a corrupção está presente em todos os ambientes.
O mundo agressivo e competitivo precisa de um testemunho de serviço desinteressado para poder ter esperança. Se nós cristãos não formos capazes de vivenciar uma alternativa à competição interesseira, quem o será?
Todos nós somos missionários pelo Batismo. Não existe receita para ser missionário. Primeiro, cada um de nós tem que viver a sua convicção de cristão. Cada um de nós é missionário dentro do seu contexto, assumindo-se como cristão. “Sou cristão e não abro mão”. Importante é assumir sua responsabilidade, seu compromisso, em resumo, ser coerente. O seu testemunho de uma vivência cristã é sua ação missionária.
Um papel importante, para ensinar a virtude de servir, a exemplo de Jesus que não veio para ser servido, mas para servir, é reservado à família. Hoje, acontece em Roma mais uma etapa do Sínodo da Família e isto oferece-nos a oportunidade de considerar a família e a missão evangelizadora em nossas casas, em nossas famílias, que a Igreja define como “Igreja doméstica”.
Qual é a missão da família na sociedade de nossos dias?
Em primeiro lugar, a tarefa principal da família cristã é a de viver em comunhão, num constante empenho por fazer crescer o amor: o amor entre o homem e a mulher e também entre os membros da família: entre pais e filhos, irmãos e irmãs, parentes e familiares.
Em segundo lugar, a família tem uma ligação orgânica com a sociedade, pois os cidadãos saem, com efeito, da família e nela encontram a primeira escola daqueles valores humanos e sociais que irão definir o desenvolvimento futuro da mesma sociedade.
Em terceiro lugar, como igreja doméstica, a família Cristã participa profundamente na vida e na missão da Igreja. Como uma comunidade crente e evangelizadora, a família vive na escuta da Palavra de Deus e, ao mesmo tempo, a proclama, através dos acontecimentos diários e dos problemas, dificuldades e alegrias do dia a dia.
Resumindo: Não formar nossos filhos e filhas para uma sociedade de competidores, mas de servidores, respeitadores da vida e da dignidade do ser humano.
Eis nossa missão! Amém!
Frei Gunther Max Walzer