Homilia - 01/04/2018 - Páscoa
PÁSCOA! Hoje, celebramos a festa da Páscoa , a maior festa dos cristãos. Hoje, celebramos a Vida que venceu a morte: CRISTO RESSUSSCITOU!
A festa de hoje é tão importante que, como qualquer festa importante que realizamos (casamento, aniversário etc.), mereceu também uma longa preparação. Foram quarenta dias de preparação.
A festa de hoje é tão importante que mereceu, já desde os primeiros séculos da vida da Igreja, uma solene vigília. Ontem à noite, todas as comunidades se reuniram para celebrar a solene vigília pascal. Foi feita a bênção do fogo. Com esse fogo foi aceso o círio pascal - esta vela grande que vocês veem aí na frente -, que representa o Cristo Ressuscitado.
E aqui estamos hoje, para celebrar, com imenso prazer e alegria, a maior de todas as festas. Deus está no meio de nós. E ele acabou de nos falar na hora em que foram proclamadas as leituras. Vamos tentar recordar brevemente o que ele nos disse:
Maria Madalena foi ao cemitério visitar a sepultura de Jesus. Era o primeiro dia da semana (o nosso domingo!).
Ao chegar lá, uma grande surpresa: ela vê que a pedra que fechava a sepultura de Jesus estava retirada para o lado. Imaginem o susto! Ela sai então correndo...
Ela encontra Pedro e aquele outro discípulo, o melhor amigo de Jesus. Maria Madalena diz: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”.
Os dois foram correndo até a sepultura de Jesus. Pedro chega depois, e faz questão de entrar lá dentro para constatar. Dito e feito: o corpo de Jesus não estava mais no túmulo. Roubado também não foi, pois os panos que vestiam o corpo de Jesus estavam ali estendidos de um jeito que dava a impressão que o corpo tivesse “desaparecido” dali. Aquele outro discípulo, o melhor amigo de Jesus, acabou entrando também. Diz o Evangelho que “ele viu e acreditou. De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos”.
A Palavra de Deus que ouvimos no dia de hoje é a proclamação de uma crença (uma fé) sumamente importante e até decisiva para a história da humanidade. Jesus saiu da sepultura em que jazia. Encontramos a sua sepultura vazia. Quer dizer: Ele ressuscitou! Em outras palavras, a Vida venceu a morte.
“Ele viu e acreditou”. Em que ele acreditou? Como demonstrou que, de fato, acreditou? Quem era esse que acreditou?
Esse discípulo anônimo só pode ser você. Esse discípulo personifica cada cristão. Cada cristão demonstra sua fé vivendo a presença de Jesus na festa da vida e na vida da comunidade. Essa é a Páscoa que continua na história, sempre renovada e sempre atuante.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos da comunidade de Colossos, lembra que a ressurreição de Cristo é também a nossa ressurreição. Se ressuscitamos com Cristo agora em diante, “esforcem-se por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo”. Será que este é um conselho para esquecer as coisas do mundo e olhar para os anjos do céu?
Paulo está falando de usar os critérios do alto, os critérios de Deus nas nossas ações. Solidariedade, partilha, fraternidade, misericórdia são apelos do alto que nos devem inspirar em nossa vida aqui na terra.
Muitos são os sinais de morte que podemos constatar aqui em nosso mundo. Vejamos alguns dados: O ano de 2017 atingiu um nível recorde de refugiados e deslocados, provocado por guerras, conflitos e perseguições, e deve ultrapassar os 60 milhões.
Com a recente crise de refugiados, o Mar Mediterrâneo ganhou destaque no noticiário, infelizmente de forma negativa. Mais de 2 mil pessoas morreram nessas águas, tentando alcançar o sonho de uma vida longe de guerras, pobreza e perseguições.
A Páscoa tem que acontecer no meio de nós. O Cristo Ressuscitado está presente no meio de nós, quando fazemos a Páscoa acontecer em nossa vida imitando Jesus.
Jesus andou por toda parte. Foi ao encontro das pessoas, entrou em suas casas, conheceu seus problemas e suas alegrias, conviveu com seus conflitos e apoiou seus anseios. - As pessoas que estão visitando os lares, os hospitais, as casas de pessoas necessitadas, certamente, estão fazendo a Páscoa acontecer.
Jesus não aceitou os preconceitos de seu tempo: almoçou com o publicano, que se tornou discípulo; Ele entrou nas comunidades dos samaritanos, que os judeus nem mesmo saudavam; deixou que uma mulher o tocasse durante um banquete, mesmo diante da crítica maldosa dos convidados.
Façamos a Páscoa acontecer quebrando a pedra da sepultura dos preconceitos e tenhamos a coragem de não nos deixar amarrar por causa de críticas maldosas.
Quem faz o bem, imitando Jesus, faz a Páscoa acontecer. Jesus amou a todos que encontrava pelo caminho estropiados e famintos. Acolheu, abraçou e abençoou a criançada da rua.
A pais, irmãos e amigos aflitos, Jesus veio a ser o médico que cura, reconhecendo que a fé da pessoa realiza milagres. Com as suas palavras “Levanta-te e vem para o meio”, leprosos, epilépticos, cegos, coxos, mudos, todos ganharam um lugar à mesa e na comunidade.
“Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremos-nos e nele exultemos”, é o refrão que cantamos hoje. “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremos-nos e nele exultemos”, é o refrão que cantamos hoje.
O Senhor Jesus, cujo túmulo hoje foi encontrado vazio, vida que venceu a morte, está vivo aqui com a gente, está aqui no meio de nós.
A Deus queremos louvar, agradecer, dizer o nosso “muito obrigado” porque com Jesus ressuscitado, nos tornamos mais vencedores.
Desejo que a Páscoa aconteça na vida de cada um de vocês, lhes dê novo ânimo e os ilumine, para que cada um de nós possa viver mais intensamente a fé batismal, sempre mais engajado no projeto da vida traçado pela verdade da Ressurreição.
Que assim seja! Amém! Aleluia!
Frei Gunther Max Walzer