Homilia - 21/10/2018 - XXIX Domingo do Tempo Comum
Hoje, celebramos o “Dia Mundial das Missões”. O tema escolhido para o Mês Missionário é “Juntamente com os jovens, levemos o Evangelho a todos”.
Essa mensagem está em perfeita comunhão com o Sínodo sobre evangelização e juventude, que está sendo realizado em Roma, neste mês.
Neste Dia Mundial das Missões, perguntamos: O que significa ser missionário hoje? Significa comunicar e anunciar o amor de Deus num mundo tão desorientado, num mundo onde há tanta violência, num mundo que procura prestígio e homenagens, num mundo marcado pela arrogância e disputa, num mundo onde a corrupção está presente em todos os ambientes.
“Mas,entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros, e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de todos. Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente” (Mc 10,43-45). Com estas palavras termina a mensagem de Jesus no texto do Evangelho de hoje.
Fazer-se servidor, colocar-se a serviço da vida é assim que a Igreja nos ensina a entender a missão.
Os textos litúrgicos deste domingo nos falam concretamente da missão nossa como discípulos de Jesus Cristo.
Jesus está caminhando em direção a Jerusalém, anunciando o que lá o espera. Os dois discípulos, João e Tiago, pedem a Jesus para estar um a sua esquerda e outro a sua direita quando estiver em sua glória. Os outros dez discípulos não gostaram nem um pouco desta conversa.
Mais uma vez, nos deparamos com Jesus remando contra a corrente. Do ponto de vista humano, nada de mais há na atitude dos filhos de Zebedeu. Afinal de contas, é muito humano aspirar aos primeiros lugares e ter empregos de prestígio. No fundo, todos trazemos dentro de nós um desejo de poder; um instinto, digamos, de querer mandar nos outros. Este é o nosso primeiro pensamento ao ouvir as leituras.
Mas será que nós nos comportaríamos melhor do que os dois discípulos? Será que nossas comunidades estão vacinadas contra comparações e competições? Será que tudo o que fazemos é mesmo por espírito de serviço, e não pelo desejo de ser reconhecidos como os melhores? Trabalhamos de graça para a Igreja, ou para alguma outra instituição comunitária sem interesse pessoal? Isso é bom! Mas será que, já que não vamos receber pagamento em dinheiro, ficamos esperando ansiosamente que nos paguem em outra moeda (prestígio, elogios, cargos...)?
Jesus deixa bem claro que ele não está formando um grupo para ter honrarias e boa vida. Não promete o lugar especial que Tiago e João pedem: o lugar de cada um no céu não é como os cargos que os políticos oferecem a seus cabos eleitorais. Em vez disso, Jesus mostra o lado difícil da coisa: é preciso estar disposto a beber do mesmo cálice que lhe vai ser oferecido, ou seja, é preciso entregar-se tanto à missão salvadora como o próprio Jesus.
Os dois rapidinho dizem que aceitam o que der e vier. Será que sabem o que estão dizendo? Será que nós hoje sabemos o que significam mesmo os compromissos assumidos com Jesus e na vida?
O tema escolhido para o Mês Missionário é “Missão é servir”.
O cristão deve dispor-se a fazer da sua vida um serviço alegre a Deus e aos irmãos, sem esperar recompensas. O “orgulho” do cristão deve ser servir como Jesus serviu.
O nosso serviço deve ser feito com humildade e, se por acaso alguém faz algo que merece aplauso, seja humilde. “Quando for elogiado, sorria e pense que Deus vê o interior” [São José Marello].
“Quem quiser ser importante, que sirva os outros, e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de todos”.
“A mensagem do Mestre é clara: enquanto os grandes da terra constroem “tronos” para o próprio poder, Deus escolhe um trono incômodo, a Cruz, para dali reinar dando a vida”: foi o que disse o Papa Francisco no Angelus deste domingo (21/10) na Praça São Pedro.
“O Filho do Homem – disse - não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”, explicou, acrescentando: “o caminho do amor está sempre 'em prejuízo', porque amar significa deixar de lado o egoísmo, a auto-referencialidade, para servir os outros".
Para o Papa Francisco “o caminho do serviço é o antídoto mais eficaz contra a doença da busca dos primeiros lugares, é o remédio para carreiristas; esta busca dos primeiros lugares contagia muitos contextos humanos e não poupa nem mesmo os cristãos, o povo de Deus, também a hierarquia eclesiástica”.
O mundo agressivo e competitivo precisa de um testemunho de serviço desinteressado para poder ter esperança. Se nós cristãos não formos capazes de vivenciar uma alternativa à competição interesseira, quem o será?
Hoje, Deus quer que aprendamos a primeira lição para sermos autênticos discípulos: SERVIR! “Quem quiser ser grande, seja vosso servo!”.
Frei Gunther Max Walzer