Homilia - 15/12/2019 - Terceiro Domingo do Advento
A Alegria é o tema fundamental deste Terceiro Domingo do Advento, que a antiga liturgia latina chamava de Domingo Gaudete. “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto!” (Fl 4,4.5).
O mundo vive carente de alegria. A depressão tornou-se a doença dos tempos modernos. O que mais vemos nos noticiários é a violência. A propaganda comercial nos lembra, com muita insistência e barulho, que o Natal está próximo. Bem sabemos que nosso modo de preparar o Natal não rima com os preparativos comerciais que, neste ano de 2019, tendem a ser mais agressivos, na tentativa de recuperar as perdas financeiras decorrentes de alguns anos de profundas crises. Será, em resumo, um Natal que vai em busca do lucro. O Natal cristão, por sua vez, procura fomentar e incentivar o cultivo dos valores cristãos, que sempre renascem no mundo e oferecem novos horizontes e novos caminhos.
A primeira leitura de hoje nos faz ouvir palavras animadoras de uma pessoa que surgiu na vida do povo de Deus. Ela preferiu ficar no anonimato e sua mensagem acabou sendo incorporada ao livro do profeta Isaías. Num momento em que tudo parecia perdido e o povo não tinha mais ânimo para retomar o caminho para reconstruir a nação, para começar de novo, esse profeta anônimo vem cantando e falando de coisas novas que Deus fará. Quando reinava a tristeza, a desolação, a falta de ânimo, ele anuncia uma festa. Ele anuncia que Deus vai plantar a justiça, vai transformar a vida do povo numa jardim bonito. “Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio” (Is 35,1).
Será que não estamos precisando hoje de uma dessas injeções de ânimo?
O contexto da segunda leitura é outro, mas também de cansaço e “tentação de fazer justiça com as próprias mãos”. São Tiago, de forma bem direta, pede que não se queixem uns com os outros e que procurem fortalecer os corações. São Tiago recorda o sofrimento e a firmeza dos profetas. “Ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima... Tomai por modelo o sofrimento dos profetas, que falaram em nome do Senhor” (Tg 5,7-10).
O convite à alegria com a chegada do Senhor é assim um chamado a sair do marasmo, do desânimo, a sacudir a poeira e fazer alguma coisa. É um apelo a pôr-se a caminho, porque o novo vai acontecer; mas é preciso que preparemos a sua chegada.
No Evangelho encontramos João Batista que assumiu o papel de profeta para dar uma sacudida no povo. É verdade que ele não fala em festa, em alegria, mas convidava o povo a arrumar a vida para encontra-se com Alguém muito especial, que “já estava no meio do povo”, e que viria trazer a alegria tão sonhada. Joao se preocupava mais com o compromisso de todos em fazer mudança de vida “para preparar os caminhos do Senhor”. Até se veste e se alimentava de um modo muito austero, para mostrar que conversão não é brincadeira; mas ao identificar-se com “aquela voz que clama no deserto” presente na mensagem do profeta Isaias (1ª leitura), ele assume também o convite à alegria que está embutida no anúncio. Pois a alegria de saber que Deus vem para salvar seu povo e plantar a justiça que essa voz veio proclamar.
“Que ele cresça e eu diminua”. João deixou para nós esse Indagado se era ele o Messias, ele foi claro: “Não sou!”. De si mesmo João dizia ser apenas uma simples voz, alguém a anunciar uma mensagem, sem nem mesmo ter a pretensão de que todos o escutassem.
Sua fé no Cristo que “já estava no meio do povo”, embora que nem o próprio João o conhecesse direito, tornava-o tão humilde ao ponto de nem se sentir digno de desamarrar as sandálias dos seus pés. Dessa forma João proclamava a grandeza daquele que estava por vir, ao mesmo tempo, que se punha no seu lugar, sabendo que sua missão era só apontar o caminho.
Diante do apelo de João Batista: “Preparai os caminhos do Senhor” e do convite do profeta à alegria, podemos nos perguntar: o que precisamos mudar em nosso modo de viver para que Cristo transpareça mais em nossas ações? Temos algumas coisas que nos atrapalham na hora de realizar algo em favos do projeto de cristo? Sabemos apontar caminhos que ajudam as pessoas a encontrar o seu ideal?
Frei Gunther Max Walzer