Homilia - 08/11/2020 - XXXII Domingo do Tempo Comum
Há poucos dias celebramos o Dia dos Finados, quando recordamos familiares, amigos e todas as pessoas, que fizeram história em algum momento no percurso da nossa vida. O texto do Evangelho de hoje tem ligação com essa recordação quando no dia 2 de novembro lembramos os que já partiram e estão participando do banquete celeste com o Pai e, hoje, Jesus nos lembra que devamos estar preparados para o dia da partida desta vida aqui na Terra.
A morte num bom sentido nos dá um impulso para dar valor à vida. A festa de bodas, símbolo usado na parábola, refere-se ao encontro com Deus depois da morte. Como ninguém sabe o dia da morte, a hora da preparação, de acender a lâmpada da conversão, é sempre agora.
Todos nós, a humanidade inteira, foi surpreendida pela Covid 19. De repente, um vírus coloca o mundo dentro de casa, impede a sociedade de se relacionar naquilo que era a normalidade e a morte faz separar tantos entes queridos sem despedida de seus familiares e amigos.
Neste tempo da pandemia temos a oportunidade de refletir sobre o sentido da vida e não tenhamos medo de encarar a realidade que questiona o mais profundo de cada ser humano e exige de cada uma resposta a altura.
É disso que Jesus fala na parábola das dez virgens. Fala da alegria eterna que vamos ter na festa das núpcias e para a qual devemos nos preparar
Jesus está nos alertando sobre a urgência de estar preparado. Como já mencionamos outras vezes, as parábolas sempre usam imagens fortes e impressionantes para realçar a mensagem central. Esta mensagem encontramos, hoje, no fim do texto: “Fiquem vigiando porque vocês não sabem qual será o dia e a hora”.
Estas palavras referem-se à segunda vinda do Senhor. Para esta vinda do Senhor, Jesus conta a parábola das dez moças que estavam esperando o noivo e se preparando para a festa. Havia ali algumas moças sem responsabilidade, mal preparadas. O noivo atrasou a chegada. O óleo das tochas acabou. Metade das moças ficou sem luz, pois, não levaram vasilhas com óleo de reserva. Não deu outra: as moças ficaram de fora, pois as prudentes não deram óleo e o noivo não as deixou entrar. Perderam a festa!
O que diria você de alguém que não enche o tanque de gasolina do carro para poder voltar para casa depois de uma festa? Ou não coloca um dinheirinho no bolso para comprar a passagem de volta?
Na parábola, algumas moças estão de prontidão, pensam nas coisas essenciais. As outras descuidadas preocupam-se com o vestido, com as joias, com os perfumes, com o penteado, e, por fim, esqueceram-se da coisa mais importante: do azeite. Ser imprudentes significa viver distraídos, ou em outras palavras, deixando apagar a lâmpada de nossa fé e de nossa esperança, e ficar sem o azeite da responsabilidade de administrar corretamente a nossa vida.
Acontece também em nossos dias: conhecemos pessoas que perderam o rumo pensando só em coisas fúteis e secundárias (festas, prazeres, diversões...) e não se dão conta de estarem perdendo um tempo valioso.
A festa de bodas, símbolo usado na parábola, refere-se ao encontro com Deus depois da morte. Como ninguém sabe o dia da morte, a hora da preparação, de acender a lâmpada da conversão, é sempre agora.
Deixar de fazer o bem para “qualquer dia” é correr o risco de que isso fique para “o dia de São Nunca”. Estar de lâmpada acesa é prestar atenção ao que acontece, ver as oportunidades que estão à nossa volta, para não pecar por omissão. Por isso, precisamos nos preparar! Enquanto é tempo toda hora é hora para adquirirmos o “óleo” que manterá a nossa lâmpada acesa. A espécie de óleo que é necessário para iluminar o caminho não é partilhável. Esse óleo não se pode dividir, é pessoal, suficiente apenas para os prudentes.
Como pode alguém partilhar a fé e o testemunho?
Como pode alguém partilhar as atitudes ou as experiências de uma missão?
Cada um deve obter essa espécie de óleo por si mesmo.
Na parábola, o óleo podia ser comprado no mercado. Em nossa vida, o óleo da preparação e vigilância é acumulado gota a gota por meio de atos de caridade e solidariedade . Cada ato de dedicação e amor é uma gota acrescentada em nossa lâmpada.
A verdade é que não podemos pedir emprestada a preparação espiritual dos outros, não podemos viver de luz emprestada. Alguém pode pensar que seja suficiente um bom sentimento, um bom pensamento no fim da vida, para deixar tudo em ordem. Uma vida mal usada não se reconstrói no último minuto. Naquela hora ninguém nos poderá emprestar uma parte de sua vida (é este o sentido do azeite que é negado pelas moças prudentes).
A lamparina que estar acesa é o Evangelho, é a prática da mensagem de Jesus. O azeite que alimenta a chama é a vivência da fraternidade, da solidariedade e do amor. Cada momento é precioso e deve ser usado para o único objetivo que no final dá valor à vida: o amor, a doação de si ao irmão.
Frei Gunther Max Walzer