Homilia - 03/01/2021 - Epifania do Senhor
O ano de 2021 começou para o nosso mundo num clima de silêncio, recolhimento, medo ou até de tristeza. Alguns países estão vendo uma pequena luz de esperança com a chegada da vacina contra a pandemia, mas a maioria do mundo caminha impotente dentro de uma noite escura da pandemia. É na intensa escuridão que uma pequena luz faz diferença! Será que esta luz veio através da ciência com a descoberta de uma vacina? Gostaríamos de caminhar com os Magos do Oriente seguindo a luz da estrela até Belém para contemplar a Epifania, a Manifestação de Deus Amor aos povos da terra.
Deus manifesta-se a todos os povos através do seu Filho, Jesus. Ele é o SALVADOR que veio para todos os povos e nações.
O episódio narrado no Evangelho é o motivo da festa de hoje, popularmente, é conhecida como “Festa dos Santos Reis” ou “Folias dos Reis”. Nela, os cantores, com suas violas e tambores e também enfeitados, saem pelas ruas, saudando com alegria o Menino Jesus que nasceu.
Quem são esses magos?
São estudiosos da astronomia e não são do povo de Israel, nem conhecem as Escrituras israelitas. Nunca ouviram falar da promessa feita aos pais do povo. Com certeza, tampouco conheciam o Deus de Israel. Uma estrela diferente que viram no céu lhes diz que nasceu o esperado rei dos judeus. Com seus conhecimentos limitados, a partir da observação do céu partiram. Sabemos que a orientação pelas estrelas era uma prática comum no oriente, de onde nos vem os signos dos horóscopos e do zodíaco, e o nome de muitas constelações.
Os magos chegam à capital Jerusalém. A notícia do nascimento de um novo rei não agrada a Herodes, que, mais de 30 anos atrás, havia obtido do imperador Augusto o direito de se chamar Rei dos Judeus e, desde então, vinha governando a Palestina toda (Judeia, Samaria e Galileia) com mão de ferro.
Herodes não tem profetas. Tem os sumos sacerdotes e os escribas de Jerusalém, os responsáveis pela religião judaica estabelecida e acomodada, que nada quer de novo. Com Herodes, Jerusalém em peso fica alarmada com a notícia do nascimento do esperado rei dos judeus. O poder civil e o religioso estavam inteiramente comprometidos com a situação vigente e não queriam ser incomodados.
E eles tinham a Lei e os Profetas, ou seja, as Escrituras. Ali souberam encontrar a passagem do profeta Miqueias a respeito de um humilde pastor, nascido na pobre aldeia de Belém, que seria o governante de todo o seu povo. Miqueias pensava, sem dúvida, em Davi, mas aqui sua palavra fala do Messias, do esperado Rei dos Judeus. Herodes e seus comparsas tinham certeza de que o Messias deveria nascer em Belém e enviam os magos para lá. Mas a notícia desse nascimento os apavora. A chegada do esperado causa desespero nos que detêm o poder político (Herodes) e dominam a religião (sumos sacerdotes) e tinham o conhecimento das Escrituras.
A estrela que os magos tinham visto na sua terra agora aparece novamente. Guiados pela estrela, eles seguem de Jerusalém até Belém.
“E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino” (Mt 2,7).
Uma criança pobre e frágil não parecia ser a manifestação mais apropriada da salvação que Deus traria a Israel, mas foi ali que, na humildade de uma criança, Deus se manifestou.
As andanças e buscas dos três magos sintetizam as andanças e buscas de todos os povos da terra, de todo ser humano que quer encontrar sentido para sua vida e seu caminhar.
A história dos magos é também nossa história na busca de Deus. Para encontra-lo, muitas vezes passamos pela dureza do cansaço, da dor, do sofrimento, da perseguição, da falta de esperança. Deus se manifesta na fragilidade de um menino, de alguém como nós. No Menino de Belém se revela o mistério de nossa salvação.
Os Magos são guiados pela estrela e chegam a Jerusalém e lá eles precisaram se informar do endereço, da estrada que conduz ao Rei que acabava de nascer. Os teólogos foram pesquisar no Livro Sagrado que era a Bíblia. Encontraram na profecia de Miquéias o endereço: será em Belém!
Conclusão: O endereço que procuramos está na Bíblia e, mais precisamente, para nós que somos discípulos e discípulas de Jesus, o endereço está no Evangelho. É no Evangelho que encontramos a orientação da nossa espiritualidade, e quem vive iluminado pela espiritualidade do Evangelho encontra a estrada certa e caminha na luz.
Jesus, o Filho de Deus, veio ao nosso encontro e ele mesmo tornou-se a luz, a estrela que nos guia.
Frei Gunther Max Walzer