Homilia - 14/11/2021 - XXXIII Domingo do Tempo Comum
Os meios de comunicação social e o noticiário de televisão só falam de catástrofes, guerras, assaltos, massacre e morte de tantas pessoas inocentes que deixam o mundo todo consternado e amedrontado. Atualmente, fala-se de uma quarta onda da pandemia que está infectando milhares de pessoas na Europa.
Talvez, sejam as ameaças do futuro que causa profundas angústias. Muitos cientistas nos falam de sérias crises econômicas, fome generalizada, o buraco do ozônio que está aumentando devido à poluição e vamos ter o “efeito estufa”.
Nossa geração é uma geração insegura, que tem muito medo: medo de ficar sem emprego, medo dos jovens diante de um futuro inseguro, medo das pessoas de morrer de câncer ou de enfarte, medo da depressão, medo de assalto, medo do além, medo da morte. Os países têm medo uns dos outros, os governos têm medo das massas empobrecidas, os ricos têm medo de perder tudo, as empresas de segurança ganham fortunas, instalando alarmes nas casas e carros. Olhando toda essa confusão, podemos dizer como muita gente diz: “É o fim do mundo”.
“Depois daqueles dias de sofrimento e aflição, o sol ficará escuro, e a lua não brilhará mais. As estrelas cairão do céu, e os poderes do espaço serão abalados” (Mc 13,24).
As leituras dos textos litúrgicos de hoje pertencem ao chamado estilo apocalíptico, uma linguagem especial, simbólica que usa imagens de grandes fenômenos cósmicos para falar de tribulações, dificuldades, tempos difíceis, coisas terríveis que a humanidade tem conhecido em todas as épocas.
Alguém perguntou ao bom papa São João XXIII, será mesmo que estamos perto do fim do mundo? A resposta do moderno e santo velhinho foi esta: “Ainda estamos no primeiro dia da criação”.
O fim do mundo acontece para cada um de nós na hora da morte. Fim deste mundo para nós. A morte é sinal de que tudo que é passageiro. E o que Jesus nos quer dizer com essa “grande aflição, o sol vai se escurecer, e a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas”. Jesus nos quer chamar atenção que não nos apeguemos aos bens perecíveis, que são frágeis e passageiros.
Sabemos que ainda não chegou a hora de as estrelas, o sol e a lua despencarem do céu. Mas há algo que deve cair, deve ser remodelado ou apagado. Se, por enquanto, não irão cair as estrelas do céu, é certo que devem cair o nosso orgulho e as nossas falsas seguranças.
Se, por enquanto, o sol está longe de escurecer, é certo que devem sumir para sempre os tronos abusivos erguidos pelos mais fortes sobre as costas dos mais fracos. Deve sumir tudo aquilo que construímos à revelia da justiça, da fraternidade, do amor e de todos os mandamentos de Deus.
E se, por enquanto, nem a lua irá perder seu brilho, é certo que deve chegar ao seu fim o egoísmo, que nos torna insensíveis ao problema do irmão que passa fome ou que está doente, do irmão marginalizado ou abandonado na rua, do irmão que clama por seus direitos mais elementares.
“Passarão o céu e a terra – diz Jesus – mas as minhas palavras não passarão”. Quais são as palavras que não passarão? São as palavras do amor e solidariedade, da doação e fraternidade. Estas palavras superam o fim da vida e do mundo. A palavra “AMOR” não terá fim.
Garantida está a certeza do amor de Deus .
E o fim do mundo é para quando?
Segundo o Papa Francisco, “o verdadeiro ponto crucial é esse. Naquele dia, cada um de nós entenderá se a Palavra do Filho de Deus iluminou a própria existência pessoal, ou se virou as costas para ela, preferindo confiar nas próprias palavras. Será mais do que nunca o momento de nos abandonarmos definitivamente ao amor do Pai e confiar-nos à sua misericórdia”.
No fim da nossa vida aqui, diz o Papa Francisco, “não teremos conosco nada além do que realizamos nessa vida, acreditando em sua Palavra: tudo e nada do que vivemos ou deixamos de realizar. Levaremos conosco somente o que doamos, o que oferecemos.”
Frei Gunther Max Walzer