Homilia - 28/11/2021 - I Domingo do Advento
Mais uma vez nos encontramos para festejar o início de uma nova caminhada. Hoje é o primeiro Domingo do Advento e com ele iniciamos também um novo ano litúrgico. É a ocasião para nos desejarmos “Feliz Ano Novo em Cristo”. O novo início é marcado pela cor roxa na celebração, símbolo da espera e conversão.
A coroa do advento simboliza a atitude de espera, acendendo a cada semana uma das quatro velas, é a luz que ilumina a caminhada cristã. Em nossas casas fazemos a Novena de Natal. Com o advento a vinda de Jesus se torna próxima. Apenas quatro semanas nos separam do Natal, a festa do nascimento de Jesus. Por isso, nossa atitude é de espera, é de alegria e também de mudança da vida e conversão.
As leituras da liturgia de hoje alertam que a espera de Jesus é alegre, mas deve ser também preocupante. Será que a humanidade está preparada para receber a visita de Jesus? Desde o seu nascimento em Belém, será que houve progresso no convívio dos povos e nas relações humanas? Após dois mil anos, será que temos mais paz, mais justiça, menos violência e mais segurança, mais solidariedade, mas fraternidade e amor?
Advento é tempo de preparação e de melhora em nossa vida pessoal e na caminhada de toda a humanidade. Advento também é tempo de lembrar que nossa caminhada tem uma meta no encontro definitivo com Deus. Advento, enfim, é tempo de viver esta tensão entre nossa dura realidade e a proposta amorosa de Deus.
Muitos entendem o Tempo do Advento unicamente como preparação da festa de Natal. Trata-se de uma visão parcial porque, como percebemos pelo texto do Evangelho, o Advento é também tempo de preparação para a 2ª vinda de Jesus, quando ele voltar na glória para nos trazer a Salvação definitiva de Deus, no final dos tempos. É fácil perceber, que nas palavras do Evangelho não existe nenhuma referência relacionada ao Natal, porque o objetivo desta celebração de hoje é anunciar a plenitude da Salvação divina, quando Jesus voltar, em sua 2ª vinda.
Advento é tempo de espera. Precisamos estar preparados para receber Jesus no Natal, no entanto, a vinda do Salvador pode acontecer antes do dia 25 de dezembro. Pode ser amanhã mesmo.
O Evangelho nos fala também da preparação para esta vinda de Jesus. As palavras do Evangelho chegam a assustar. Se levadas ao pé da letra, são terríveis. Não é preciso desesperar-se, mas é bom ficar atento, pois não sabemos o dia nem a hora.
Já imaginou se soubéssemos que o fim do mundo aconteceria em um futuro bem próximo, tipo assim, em dois meses?
Alguns anos atrás, uma revista apresentou um artigo sobre o fim do mundo. O artigo diz que um escritor belga acompanhou uma equipe de televisão do Canadá que na Sierra Nevada, no sul da Espanha, vistoriou as casas que estavam sendo construídas ali. São casas de cimento capazes de resistir ao cataclismo que Iria destruir o planeta Terra poucos dias antes de Natal. Ele e seu grupo pretendia levar 5 000 pessoas para um lugar a uns 2 000 metros acima do mar. Seria o último dia do resto da humanidade. Ainda bem, ele não tinha razão.
Mas se soubéssemos mesmo que o mundo estava por um fio, com certeza as reações das pessoas seriam de três maneiras, a saber.
Uma parte da humanidade se entregaria a todo tipo de prazer sem limite, para aproveitar os últimos dias de vida.
Outra parte se empenharia em se preparar espiritualmente para o final, para o julgamento, para a vinda do Senhor.
E a terceira parte da população mundial talvez ficasse indiferente, com uma ironia de quem está fingindo felicidade por não acreditar em nada. Essa turma não demonstrava preocupação, nem mesmo medo.
E você? Em que grupo ficaria? Eu acho que você ficaria no grupo de oração, ou de preparação, pelo fato de querer seguir as palavras do Senhor: “Fiquem vigiando e orem sempre, a fim de poderem escapar de tudo o que vai acontecer e poderem estar de pé na presença do Filho do Homem, quando ele vier”.
Vigilância e oração são as atitudes ideais para os cristãos. A vigilância prepara-nos para aceitar com naturalidade a aproximação do fim dos tempos, seja no caso da velhice e morte, seja no caso do juízo final. Façamos tudo como se fosse pela última vez que o fazemos, como se o dia de hoje fosse o último dia de nossa vida.
Frei Gunther Max Walzer