Homilia - 16/01/2022 - II Domingo do Tempo Comum
Nos períodos chuvosos, é comum ouvir nos noticiários relatos de chuvas que ocasionaram enchentes, inundações e alagamentos. Prédios e casas e a infraestrutura de pontes e estradas sofrerem danos extensos. Os serviços básicos, incluindo água e eletricidade, estão à beira do colapso. Milhares de pessoas sem água e sem comida. Em algumas regiões do nosso País, as chuvas torrenciais não param, o número de mortos de adultos e crianças e de desabrigados está aumentando dia após dia.
Devido à onda de calor e à seca registrada em várias áreas do Sul, as perdas nas lavouras se estendem para diversas culturas
Parece-me que o Evangelho de hoje, que fala de Jesus participando com sua mãe de uma festa de casamento, não está combinando bem com a realidade de calamidade, seca, fome e pandemia no nosso País e no mundo inteiro.
Até é muito curioso e eu me pergunto: — Por que Deus, na pessoa de seu Filho Jesus, estava interessado numa festa de casamento, numa vila de Israel, a ponto de ali realizar seu primeiro sinal (milagre)? E é estranho encontrar Jesus, sua mãe e os apóstolos numa festa. Jesus não levou seus apóstolos a um lugar deserto para lhes explicar sua missão ou para exortá-los a fazer penitência, mas os levou para uma festa de comes e bebes. Jesus também não lhes ensinou a afastar-se do mundo, e sim a levar sua palavra ao mundo, às famílias, à sociedade. “Ide para o mundo...”.
O Evangelho de hoje nos conta o primeiro milagre de Jesus, o primeiro desses sinais é feito para salvar uma festa de casamento ameaçada de virar um desastre por falta de vinho.
O que sugere esta festa de casamento? Certamente Jesus não fez esse milagre para o pessoal poder se divertir mais um pouco. Jesus toma água comum e a transforma. Não com uma varinha mágica, mas com a forca do Espírito Santo, com a força do amor. Através deste milagre, deste “sinal”, Jesus quer participar da nossa vida comum, para colocar nesta nossa vida a sua presença de amor, o amor do Pai, o Espírito Santo. Jesus participa da nossa vida, com as nossas alegrias, os nossos amores, as nossas conquistas humanas, importantes, mas tantas vezes tão passageiras, a nossa vida com as nossas tristeza, os nossos dias sem sabor, os nossos fracassos e mesmo os nossos pecados. E aí, Jesus faz conosco um trabalho pelo seu amor.
Na festa de casamento em Cana, cabe um lugar especial à mãe de Jesus. Ela sabe desde o início donde virá a solução. Ela nos dá duas dicas preciosas para recuperar a alegria da festa da vida onde esta alegria de viver estiver ameaçada.
A primeira: Estar presente lá onde os problemas aparecem, prestar atenção, preocupar-se com o que falta na vida do irmão. Ela percebeu que não tinham mais vinho, ela se preocupou com o problema dos noivos. Os “desligados” ou indiferentes não transformam coisa alguma, não mudam nada.
A segunda dica: “Façam tudo o que ele disser”. Seguindo o que Jesus pregou, com palavras e atos, constrói-se um outro tipo de vida, onde há alegria e felicidade que Deus nos quer dar.
Nossa devoção a Maria nos deve levar a essas duas atitudes: Ter sensibilidade para a realidade e as necessidades dos nossos irmãos e o seguimento de Jesus.
Frei Gunther Max Walzer