Homilia - 06/02/2022 - V Domingo do Tempo Comum
Todo mundo já experimentou o desânimo, mas as preocupações constantes sobre o fracasso, além de impedirem nosso progresso, também prejudicam nossa saúde mentalmente. Todos nascemos para ser felizes.
A experiência nos ensina que nunca teremos o que precisamos para ser felizes, então por que tentar?
O desânimo sentimos quando não atendemos às expectativas que criamos para nós mesmos ou quando nem temos expectativas e nos acomodamos com a nossa condição atual. O fracasso muitas vezes vem antes do desânimo. Porém, o desânimo faz parte da vida e pode até mesmo ser produtivo quando aprendemos a lidar com ele.
O início do relato do Evangelho de hoje nos fala do desânimo dos apóstolos. Pedro, assim como os demais pescadores, estava muito cansado e desanimado. Eles haviam tentado a noite toda e não pescaram absolutamente nada.
Jesus viu as “duas barcas paradas na margem do lago”, depois se aproximou de Simão e de André seu irmão e notou que aqueles homens estavam desalentados e precisavam de ajuda, pediu-lhes ajuda para entrar na barca e dali falar para a multidão. Somente depois, foi que Jesus os instruiu para avançar e ir até o lugar aonde encontrariam muitos peixes.
Pedro, embora estivesse esgotado, obedeceu a ordem do Mestre, só por uma questão de respeito, e consideração. Muito embora acreditasse em seus poderes, naquele momento, ele, Pedro, já não esperava mais nada, porém jogou as redes.
E eis que aconteceu o grande milagre da pesca milagrosa! Foram tantos os peixes que pegaram, que as redes quase rasgaram. E foi preciso pedir ajuda para conseguir puxá-las.
“O espanto se apoderara de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer”, diz o texto do Evangelho.
Ao ler esta passagem do Evangelho, penso que muitos de nós há disseram algumas vezes na vida “para que?”. Muita gente já não tem mais nada, porque está desiludida. Já tentaram tantas vezes e não deu certo.
A grande lição que aprendemos desse Evangelho, é que quando tentamos fazer as coisas sozinhos, ou seja, quando tentamos realizar os nossos projetos de vida sem recorrer a ajuda do Pai, dificilmente conseguimos grandes resultados.
Podemos até conseguir grandes vitórias temporárias, grandes lucros, porém um dia um incêndio, um roubo, ou outro grande prejuízo virá, como aquela tempestade que destruiu a casa construída sobre a areia.
Você pode até discordar completamente dessa afirmação, ao analisar a vida de muitos ricos, os quais dispensaram completamente a presença de Deus em suas vidas.
É verdade. Eles conseguiram, apesar de estarem sem Deus.
Agora vem a pergunta: Mas eles são realmente felizes? Será que não vivem apavorados de medo de serem sequestrados? Alguns com mede de serem presos pelo tanto que roubou dos cofres públicos? Como vai a consciência deles?
E assim chegamos ao tema central do Evangelho. O motivo principal pelo qual o evangelista Lucas nos conta o episodio da pesca milagrosa é de explicar que os discípulos de Jesus têm uma missa a cumprir: são chamados a serem “pescadores de homens”.
Pessoas que devem ser “pescadas”, isto é, recuperadas para a vida, são as pessoas que são dominadas pelos vícios, que estão se entregando a suas paixões, que só pratica o mal para si mesmas e para outros.
Essa missão não é confiada aos padres, mas a todos os cristãos cada cristão tem o dever de ser missionário no ambiente de trabalho, de estudo ou de atividade qualquer.
Antigamente falava-se em “apostolado” da Igreja, dos leigos; hoje se diz “pastoral”. O que é isso? Para pescar na empresa de Jesus precisamos transmitir o que recebemos dele, a mensagem de sua vida, morte e ressurreição. Esta é a parte central da nossa pastoral ou do nosso apostolado.
Renovemos nosso compromisso de evangelizar o nosso compromisso de discípulos de Jesus, dizendo como o profeta Isaias: Aqui estamos, Senhor! Envia-nos!
Frei Gunther Max Walzer