Homilia - 27/02/2022 - VIII Domingo do Tempo Comum
Uma guerra após a pandemia está angustiando a humanidade. Uma guerra na Europa no século XXI parecia impossível e improvável. O ataque à Ucrânia já está em pleno andamento. Teme-se um grande banho de sangue. Os poderosos não se importam com os fracos. Como sempre as vítimas são pessoas inocentes e indefesas. Depois dos sofrimentos causados pela pandemia, vem o luto de um conflito que não sabemos como poderá degenerar.
O Papa Francisco, repleto de angústia e preocupação, pede oração e jejum pela paz. “A fraqueza da oração contra o poder das armas. Quem vai querer acreditar nisso? Quem oporá a ascese mansa do jejum contra a força dos canhões? A oração nos une ao Pai e nos faz irmãos, o jejum nos tira algo para compartilhá-lo com os outros: mesmo que o outro seja um inimigo.
A oração é a verdadeira revolução que muda o mundo porque muda os corações. Temos poucos recursos contra as guerras porque, sem eximir-nos de qualquer responsabilidade, o diabo as fomenta, com ódio, astúcia, maldade. Jesus diz: "Este tipo de demônios não pode ser expulso de nenhuma maneira, a não ser através da oração".
No Evangelho Jesus nos fala dos frutos de uma árvore. Certamente, a guerra é fruto de uma árvore má, fruto do ódio, do poder e da ganância. Jesus mostra o que permanecerá para sempre e para a eternidade. Jesus nos falados frutos que precisamos produzir. É pelos frutos que se conhece uma árvore, pelas obras que se conhece o coração das pessoas. A morte não vai destruir o que é bom.
Jesus diz que a pessoa boa tira frutos bons do tesouro de seu coração.
Jesus menciona em particular um tipo de fruto que podemos identificar a qualidade da nossa árvore: “A boca fala de que o coração está cheio. Como costumam ser nossas palavras, os conselhos que damos, as respostas que oferecemos a quem nos procura, a nossa maneira de agir?
O texto do Evangelho fala também de ver o cisco do olho do próximo e não enxergar a trave que está no nosso. Quando isso acontece, com que conversa nos manifestamos? Que tal nós começarmos uma revisão dos frutos que saem da nossa boca?
A pergunta hoje é: De onde vêm essas palavras, que saem da nossa boca e as ações más que praticamos, às vezes, mesmo sem nós querermos, elas são ruins e causam confusão, dor, mágoa, ofensa, nos outros?
Jesus disse que a nossa boca fala daquilo que está cheio o nosso coração.
Não é o coração músculo, que bombeia o sangue para o corpo, mas da nossa mente, do lugar onde estão guardados o nosso conhecimento, as nossas lembranças, as nossas emoções. Lá se formam os pensamentos, que são criados em cima das coisas que permitimos que entrassem e ficassem guardados na nossa mente.
Então, se o que guardamos no nosso coração são sentimentos ruins, nossos pensamentos serão ruins e as palavras que sairão da nossa boca também não serão agradáveis e também as nossas ações são más.
A respeito da guerra na Ucrânia o arcebispo Dom Walmor de Azevedo Oliveira afirma: “A guerra é expressão máxima do ódio”.
Quero concluir minha reflexão com o Pedido do Papa Francisco: “Peço a todas as partes envolvidas para que se abstenham de qualquer ação que possa causar ainda mais sofrimento às populações, desestabilizando a convivência entre as nações e desacreditando o direito internacional”.
O Papa Francisco pediu que o dia 2 de março, Quarta-Feira de Cinzas, seja um Dia de orações e jejum pela paz.
Frei Gunther Max Walzer