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Homilia - 25/09/2022 - XXVI Domingo do Tempo Comum

Celebramos, hoje, o “Dia da Bíblia”. Um dia para lembrar que a Bíblia, que é a Palavra de Deus, alimenta nossa fé e orienta-nos no caminho do bem, para que nos tornemos verdadeiros discípulos e discípulas de Jesus. A finalidade primeira e a mais importante é ouvir a Palavra e a colocar em prática. Para a nossa formação é importante o contato com a Palavra de Deus. É entrar na escola de Jesus e ser seu discípulo e discípula. Os estudos, as meditações, os conhecimentos que adquirimos em cursos e leituras... tudo isso tem uma única finalidade: conhecer melhor a Palavra para nos tornar discípulos e discípulas de Jesus. Por isso, todos os domingos, nós nos reunimos ao redor da Mesa da Palavra e nos alimentamos com esta Palavra. Seria bom se, todos os dias, pudéssemos ter algum contato com a Palavra, especialmente com o Evangelho, e assim nos alimentar diariamente com a Palavra de Deus. É bom que o livro da Bíblia tenha um lugar de destaque em nossas casas, mas é mais necessário que tenha um lugar ainda mais destacado em nossa vida pessoal, familiar e profissional. À medida que lemos, estudamos, rezamos e meditamos a Palavra, Deus vai formando nosso coração e indicando-nos o caminho da vida.

Hoje, por exemplo, Deus nos ensina a ter um olhar de compaixão para com os necessitados, especialmente aqueles que vivem como se fossem “cachorro sem dono”, catando comida que cai da mesa dos ricos. Na parábola, Jesus dizia que os cachorros vinham lamber as feridas de Lázaro para fazer referência aos mais desprezados da sociedade. São tão desprezados, que se tornaram invisíveis entre nós. O exemplo de Jesus, na parábola, é muito forte. Ele diz que quando alguém vive apegado ao dinheiro e só vive em função dos bens materiais fica cego. Tão cego que é incapaz de perceber tantos “Lazáros” da vida, aos pés de suas mesas fartas e opulentas pedindo um pedaço de pão. Essa gente, diz Jesus, cava um abismo entre eles e os pobres e, quando abrirem os olhos, será tarde demais.

Não é pecado ser rico e nem é pecado ter dinheiro; o pecado consiste em deixar-se escravizar pelo egoísmo, porque o egoísmo torna a pessoa indiferente e, até mesmo, capaz de se negar a partilhar do pão com quem tem fome.

De fato, já estamos tão acostumados a conviver com a pobreza e a miséria que a presença dos pobres e miseráveis já não nos incomoda mais. Temos uma série de explicações que servem para nos tranquilizar: “Os culpados são os governantes corruptos”; “esta gente é preguiçosa, prefere pedir esmolas e ficar a toa, não querem trabalhar”. Pior ainda é quando a culpa acaba recaindo sobre Deus: “Se existisse Deus, isso não aconteceria”. Ou quando se procura na Bíblia uma justificativa para esta situação inexplicável: “O próprio Jesus disse: ‘Pobres sempre tereis entre vós!’(Jo 12,8)”.

Existem também certos cristãos que pensam assim: “Se eu fosse rico, faria alguma coisa para ajudar esta gente”. Ou então: “Se eu ganhasse na loteria, faria muita coisa pelos pobres!”.

Ouvimos, hoje, no evangelho a parábola do homem rico e do pobre Lázaro. Um homem rico anônimo nem vê Lázaro à porta, pedindo uma sobra da festa que estava acontecendo. Diz o texto do evangelho: “Que vestia roupas muito caras e todos os dias dava uma grande festa”.

A história não tem data, porque ela se repete sempre em todas as épocas, em milhares de modalidades, e continua depois de vinte séculos de cristianismo. Ainda há milhares de favelas, de desabrigados, desempregados, cortiços... sempre haverá ricos anônimos e Lázaros famintos.

Esta parábola não visa tratar sobre a caridade e a falta de caridade. Não diz que o rico negava esmolas a Lázaro.

Jesus quer chamar a atenção não para a necessidade de amarmos ao próximo, mas para a importância das situações. Uma situação de bem-estar pode insensibilizar a gente, tornando-nos insensíveis às necessidades dos

outros. Pode fechar a porta do céu, tirando–nos a vida eterna, se já nos julgamos satisfeitos com nossos bens.

A riqueza honesta não é má nem condenável, assim como a pobreza não é garantia de salvação. Mas ambas, a riqueza como também a pobreza podem facilitar ou dificultar a procura de Deus. É para isto que Jesus quer despertar os cristãos nesta parábola.

Alguém pode ser rico e ter um coração de pobre, cultivando o desapego, a humildade, a caridade, como alguém pode ser pobre, mas ter um coração de rico, sem caridade nem humildade.

A parábola nos lembra que o céu e o inferno começam no nosso dia a dia. Não nos faltam os fatos, acontecimentos, coisas em cada dia, que nos podem à prática da caridade.

Iniciei minha homilia referindo-me ao “Dia da Bíblia”, que comemoramos neste domingo. Jesus diz algo bem prático para nós: “Ouçam os profetas para saber como agir”. Hoje, o que a Bíblia tem a nos dizer é exatamente isso: o discípulo e discípula de Jesus não se deixa cegar pelas coisas que enriquecem, a ponto de não ver a fome do outro, porque se tornou egoísta, mas busca o caminho da solidariedade para que a vida seja digna e feliz para todos.

Frei Gunther Max Walzer

 

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