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Homilia - 16/10/2022 - XXIX Domingo do Tempo Comum

Jesus, no evangelho, insiste na “necessidade de rezar sempre, e nunca desistir”.

No início da homilia, gostaria de fazer uma pergunta que me deixou inquieto enquanto preparava a celebração: — será que temos necessidade de rezar hoje em dia, como Jesus fala no evangelho quando mostra a necessidade de rezar sempre, nunca desistir?

Antigamente, a oração tinha sentido, mas hoje, com o avanço da medicina, da tecnologia, de tantas maravilhas da ciência, da internet... Ainda existe a necessidade de rezar? Muita gente não acredita no valor da oração. Acha que rezar é perder tempo. Por outro lado, há gente que, ao contrário, só gosta de rezar. Não faz mais nada. Há quem reza por necessidade, porque está no sufoco, e há gente que reza por costume. Há quem só sabe pedir e nunca agradecer. E há quem só sabe repetir fórmulas e nunca reza espontaneamente com suas próprias palavras. Há pessoas que rezam automaticamente, pronunciam as palavras enquanto, muitas vezes, estão fazendo outra coisa ou têm o pensamento longe.... Uns acham que a oração é uma fórmula mágica para resolver problemas.

As leituras de hoje nos falam da necessidade da oração. Na leitura do livro do Êxodo (Ex 17,8-13), vemos o Povo de Deus numa batalha. O chefe, Moisés, está no alto da montanha, sempre animando os israelitas na luta. O povo olha para Moisés, confia nele, luta e vai vencendo. Mas a batalha é longa. Moisés já está cansado e não consegue mais manter os braços erguidos. O que fazer para manter sempre erguidos em oração os braços de Moisés? Aarão e Hur encontraram a solução: fizeram Moisés sentar numa pedra e eles, um à direita e outro à esquerda, sustentaram os braços de Moisés. Assim permaneceram até a noite, até os israelitas vencerem os inimigos.

O que nos ensina esta narrativa? Muita gente consegue vencer na vida, porque tem um Aarão e um Hur ao lado para manter os braços erguidos quando o cansaço e o desânimo começam a chegar. Todos nós precisamos às vezes de alguém que nos sustente e todos nós podemos ser necessários para erguer os outros.

Este episódio narrado no livro do Êxodo nos quer ensinar uma coisa muito importante ainda: nos ensina que, para atingir objetivos que vão além das nossas forças, precisamos orar sem cessar.

A viúva no evangelho nos é apresentada por Jesus como exemplo de quem não desanima, de quem insiste até o fim. Ela estava perdendo a luta contra seu adversário, porque o juiz da cidade não queria julgar o seu caso. A viúva tinha tudo par desistir da sua luta. No entanto, ela insistia em pedir que o juiz fizesse o que era seu dever de fazer: julgar o caso dela, resolvendo o seu problema.

A viúva insistiu, e o juiz acabou resolvendo o problema dela, levado não por uma consciência de fazer o que é necessário e justo, mas somente para se ver livre da importunação dela. Jesus, então, compara esse juiz com Deus, ressaltando a diferença: se um perverso como esse acabou atendendo ao pedido da viúva, quanto mais Deus, que é bom e justo, “não faria justiça aos que clamam noite e dia”?

Isso não significa que Deus nos atende simplesmente para “se ver livre de nós”, como fez o juiz com a viúva. Jesus ressalva duas características essenciais de Deus: ele é bom e justo.

De tudo que refletimos hoje, podemos tirar para a nossa prática de oração estas lições: rezar é necessário não apenas para que Deus veja que somos piedosos, mas sim para que ele perceba que estamos tentando contato e procurando entrar em sintonia com Ele. A sintonia com Deus não se dá com as palavras, quer sejam próprias e espontâneas, quer sejam formuladas por outros, mas sim com o coração e com a vida.

Com isso, o evangelho nos apresenta uma imagem de Deus como Aquele que vem em socorro dos oprimidos, dos injustiçados, dos que estão perdendo as forças.

Mesmo quando rezamos sozinhos, individualmente, nossa oração só atingirá o coração de Deus se ela for expressão da busca do bem comum, e não uma simples satisfação da nossa vontade pessoal, muitas vezes bastante mesquinha. Nem sempre o que pedimos coincide com os planos de Deus. Ele é quem sabe o que convém nos dar.

Não podemos, no entanto, usar a oração apenas como uma fórmula “mágica” para resolver problemas, sem fazer esforço. Não adianta, também, tentar “convencer” Deus de que ele tem que atender os pedidos. Outros até acreditam que basta tirar cópias de uma oração e espalhá-las para suas preces

serem atendidas, como pretendem essas “correntes” supersticiosas que encontramos por aí ou na internet.

“Não desistir de rezar”! Jesus enfatiza que o problema não está em Deus, mas na impaciência nossa. Alguém apressado, não sendo atendido na hora, corre o risco de perder a fé.

A condição da perseverança está na fé; fé no sentido de confiar que o Senhor vem em auxílio de quem a ele se confia. Rezar com fé é aceitar o desafio de pôr-se a caminho, de lutar, de insistir, de não desanimar, de não voltar atrás.

Por isso Jesus insiste na “necessidade de rezar sempre, e nunca desistir”.

Frei Gunther Max Walzer

 

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