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Homilia - 30/10/2022 - XXXI Domingo do Tempo Comum

Como é bom poder enxergar. Poder ver e olhar é um dom precioso e fascinante que recebemos de Deus. Há uma infinidade de olhares, e cada pessoa tem um modo diferente de olhar as coisas. Cada olhar está cheio de sentido: olhar de gratidão, de admiração, de desejo, de curiosidade, de necessidade, de tristeza, de ódio, de satisfação, de amor. Na vida sempre estamos sendo acompanhados por olhares. Eles nos seguem, até nos perseguem.

O olhar das pessoas pode ser cruel: as pessoas observam, sobretudo, as manchas, os defeitos, os limites, os aspetos negativos dos outros.

Como é o olhar de Deus?

A esta pergunta, com certeza, a resposta é: os olhos de Deus são diferentes dos nossos.

Deus “fecha os olhos aos pecados dos homens”. Assim diz o Livro da Sabedoria (11,22-12,2).

Deus tem um olhar indulgente e misericordioso. Nós somos intolerantes com os que erram, ofendemos quem pensa ou age de maneira diferente da nossa, porque não olhamos o mundo do alto, como Deus olha.

O que fazemos, por exemplo, quando sabemos que alguém levanta calúnias contra nós? Pedimos a Deus: “Faça justiça”. Se tivéssemos os mesmos olhos de Deus, rezaríamos assim: “Senhor, converta aquele irmão que está praticando o mal contra mim, liberta o de sua perversão, ensina-lhe o amor”.

No texto do Evangelho, encontramos um tal de Zaqueu que queria ver Jesus e este olhar transformou sua vida toda.

Quem foi Zaqueu? Devia ser uma pessoa feliz. Ele tinha o que muitas pessoas sonhavam: uma profissão rendosa, uma posição de destaque, uma moradia num lugar privilegiado. Mas, ele era realmente feliz? Ele não era bem visto pela classe média-alta, apesar de sua riqueza. Seus conterrâneos o desprezavam, apesar de ele ser judeu. A cada momento ele era chamado de “publicano e pecador”. Os publicanos eram considerados por todos como ladrões. E Zaqueu não é um simples publicano, mas é “chefe dos publicanos”, um gerente de ladrões.

Um homem deste tipo, este Zaqueu, rico, mas de má fama, “procurava ver Jesus”. Ele queria tanto vê-lo, mas “não conseguia, por causa da multidão, pois ele era pequeno”. “Correu então à frente”, passou na frente da multidão, subiu numa figueira e esperou, “para ver Jesus”.

Seu desejo não fica frustrado. Jesus o vê. Este Zaqueu que ninguém viu no meio da multidão, pois era pequeno (por sua estatura, sua maldade, sua pouca fé) – este Zaqueu sente que o olhar de Jesus se encontra com o seu. Este acontecimento é mais do que um simples olhar para alguém que subiu na árvore. Este olhar é de alguém que conhece sua solidão, que compreende o seu desejo. Este alguém o encara com um olhar amoroso, sincero, convidativo, oferecendo bondade. Seu coração bate mais forte!

“Jesus olhou para cima e disse: ‘Zaqueu, desce depressa!’”. Ninguém, na multidão, chama Zaqueu pelo nome. Ele é um impuro, é um pecador. Jesus o chama pelo nome. Assim o chamaram sua mãe, seu pai, os amigos de infância. O nome traduz acolhida, simpatia, delicadeza. Assim se chama uma pessoa, - e se salva – alguém que é único neste mundo!

E os nossos olhos? Perguntemo-nos: com que olhos observamos os que estão ao nosso lado, com os olhos de Jesus ou com os olhos da multidão que só enxerga o mal em Zaqueu? Olhamos e definimos as pessoas conforme os seus defeitos? Não falamos nós: “aquele beberrão”, “a prostituta”, “o maníaco sexual”, “o drogado”, “o violento”? Eles, porém, não são “a embriaguez”, “a prostituição”, “a perversão”, “a droga”, “a violência”, não são o mal. Eles têm um nome: chamam-se André, Marta, Ricardo, Júlio, Guilherme. Têm suas limitações, mas também têm muitas boas qualidades. Por que só observamos o aspeto negativo? Por que o nosso olhar não é guiado pelo amor, como o de Jesus?

Jesus diz a Zaqueu: “Hoje quero ficar na tua casa”. Jesus convida a si mesmo para visitar Zaqueu. Este responde imediatamente ao chamado de Jesus. “Ele recebeu Jesus com alegria”. No entanto, logo depois de uma sensação de alegria, vem uma crítica enfadonha: ”Ele foi hospedar-se na casa de um pecador!”

Que pena! Inveja em vez de alegria, ódio em lugar de fraternidade, crítica em vez de misericórdia!

Em meio a este descontentamento, se dá a conversão do pecador. Zaqueu, que foi amado gratuitamente, entende que há outras pessoas que precisam de amor. Ele se lembra dos pobres: “Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais”.

O que podemos aprender da narração do Evangelho de hoje? Observemos com atenção: Jesus não fez nenhum “sermão” para Zaqueu, não o repreendeu; convidou-o para uma festa e só. Converteu-se quando descobriu que Deus o amava, mesmo sendo um grande pecador, um pequeno de estatura. É por este Deus-amor que Zaqueu aprendeu a amar. Quem ama quer doar. Ele que só pensava em suas vantagens, pensa agora nos pobres. Ao dar, ele ganha a riqueza da salvação.

“É dando que se recebe”.

 

Frei Gunther Max Walzer

 

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