Homilia - 19/08/2012 - Assunção de Nossa Senhora
Hoje, estamos celebrando a festa da Assunção de Nossa Senhora. Maria foi “assunta ao céu”, foi elevada ao céu. O que aconteceu com ela, humilde criatura de Deus, pode também acontecer conosco. Ela é humana como nós, gente como a gente. Maria é, por assim dizer, a “porta-bandeira” da humanidade. O que Deus ofereceu a ela é uma amostra do que ele quer dar a todos nós. Ela subiu ao céu, diz a nossa fé. Olhando para ela, contemplamos o futuro que Deus quer oferecer a todos nós. Aquilo que Maria já está vivendo como realidade, nós vivemos em esperança.
A Liturgia da Assunção de Nossa Senhora dirige nosso olhar para o alto. Hoje, olhamos para o céu. O céu é o nosso destino final. Não nascemos para viver na terra, mas para continuar vivendo no céu. Esta é a mensagem da Assunção de Nossa Senhora.
Mas, o centro de minha reflexão não é exatamente o céu, é o modo de vida que nos conduz ao céu. Como a gente chega ao céu? Esta é a pergunta que nós todos, primeiramente, devemos responder.
“Com minha Mãe estarei, na santa glória um dia, ao lado de Maria, no céu triunfarei”, assim cantamos. Mas, como chegar lá?
A Assunção de Maria foi o resultado da sua caminhada nesse mundo. No Evangelho de hoje, Maria é saudada pela sua prima como “bendita entre as mulheres”. Por que ela é “bendita”? Por causa de sua atitude de fé, porque ela "acreditou”, será cumprido o que o Senhor lhe prometeu. Se Maria não tivesse acreditado na mensagem do anjo, não teria dado seu “sim”, não teria feito o caminho de sua vida com Jesus, ela não teria participado da glória divina, em sua Assunção. Em outras palavras, a Assunção é também uma conseqüência da fé nos planos de Deus.
Pela Assunção realiza-se aquilo que São Paulo dizia na 2ª leitura: em Cristo todos podemos participar da glória divina, da mesma forma como Maria participa, em sua gloriosa Assunção aos Céus. Paulo explica que aqueles que vivem na fé, fé que conduz à intimidade da vida com Cristo, são destinados a participar da glória divina. A mesma glória da qual, agora, participa Maria. A Assunção de Nossa Senhora mostra que o caminho para se chegar na glória divina consiste em viver em Jesus, viver para Jesus e viver com Jesus; consiste em pertencer a Jesus, como diz Paulo, na 2ª leitura. Quem assim vive, quem vive na intimidade com Jesus participará, como Maria, da glória divina. Não se trata de um simples prêmio, mas de um projeto de vida, de uma vida pela qual vale a pena viver, pois tem um caminho e tem uma meta de vida plena.
Como sabemos, esta caminhada de Maria ao lado de seu Filho não foi nada fácil. Esta caminhada está descrita no livro do Apocalipse (1ª. leitura).
Fala de uma mulher, seu vestido era o sol. Ela já recebeu de Deus o prêmio da vitória, pois ela carrega uma coroa de doze estrelas. Quem é esta mulher? Ela representa o Povo de Deus, representa os seguidores de Jesus, São as pessoas, que, como Maria, fazem a vontade de Deus e seguem os ensinamentos de Jesus Cristo.
Esta é a nossa vida, uma luta entre o bem e o mal. Vivemos num mundo pecador, cheio de violência e maldade. Aliás, cada um de nós carrega dentro de si um pouco dessa mulher vitoriosa e também do dragão, do bem e do mal, de ternura e de violência. Todos nós temos que lutar contra o mal que está dentro de nós, o nosso egoísmo, a intolerância, a ganância, os preconceitos, a soberba.
O mal continua existindo no mundo; esse bicho de sete cabeças, o mal tem muitos nomes e muitas faces: injustiça, miséria, materialismo, violência, corrupção, abandono de doentes e idosos, guerra ...
Neste mês de agosto estamos olhando para as diversas vocações, para o chamado de Deus e as diversas respostas dos homens. Maria disse: “Sim, seja feita em mim a Tua vontade”. Todos nós somos vocacionados, pois, recebemos de Deus uma vocação, ou seja, um chamado, uma forma de viver que demonstre nosso amor por Deus. Alguns são chamados à vocação matrimonial, onde deixam seu pai e sua mãe, e juntos, homem e mulher, tornam-se uma única carne, onde cada qual deve viver para fazer o outro feliz. Outros, porém, recebem outro chamado de Deus, um chamado para viver sua vida consagrada a Deus como religioso (a) ou sacerdote.
Alguns irmãos e irmãs em nossa Igreja procuram viver um chamado especial de Jesus de modo radical: são os religiosos e religiosas. Tornam-se padres religiosos, irmãos religiosos, freiras, monges e monjas. Consagram suas vidas a Deus para viver unicamente como pede o Evangelho. Neste mês vocacional, este Domingo é dedicado às orações pelas vocações religiosas, pedindo ao Senhor que desperte em muitos de nossos jovens o desejo e a opção de dedicarem suas vidas a Jesus Cristo através da vida consagrada.
Servir o Senhor como religioso (a) ou sacerdote é um chamado de Deus, mas também, uma escolha humana. Deus faz vários convites, lança sua semente, mas cabe ao homem deixar ser seduzido pelo amor de Jesus ou optar em dizer não. A escolha cabe ao homem. Esse pode dizer sim ou não.
Como chegar ao céu? Esta foi a pergunta que fiz no início.
Nossa devoção a Nossa Senhora não se pode resumir em homenagens e devoções. A veneração da Mãe de Jesus nos deve ajudar a seguir de perto a Jesus Cristo.
Venerar Maria significa assumir, no dia a dia, o sim às pequenas coisas. Significa ter cuidado e dedicar atenção aos outros. Significa ir ao encontro do outro. Significa, acima de tudo, viver profundamente o nosso encontro com Deus para que, no encontro com o outro, possamos comunicar que Deus nos ama.
Assim também estará garantido nosso lugar no céu e com essa certeza podemos cantar: “Com minha Mãe estarei, na santa glória um dia, ao lado de Maria, no céu triunfarei”.