Homilia - 21/06/2015 - 12º Domingo do Tempo Comum
Muitas vezes, cantamos: “Se as águas do mar da vida quiserem te afogar, segura na mão de Deus e vai!”. A vida, realmente, é como um mar turbulento. Quem não tem experiência disso? As tempestades da vida são frequentes e, algumas vezes, parecem não ter solução.
Além da morte que aflige as pessoas, há os desastres da natureza, como terremotos e enchentes, que provocam milhares de mortos e deixam, de um dia para o outro, milhares de famílias sem teto. Há as doenças que afligem a muitos, os acidentes na estrada, que tiram a vida de tantos, de modo súbito, ou deixam pessoas mutiladas. Há a miséria batendo à porta, e, enfim, a morte se anuncia sem pedir licença, que bate à porta da nossa família ou nos leva um ente querido, um amigo ou uma amiga.
Olhando tudo o que acontece no mundo, en nosso país, em nossa família, temos, às vezes, a impressão de estarmos diante de uma grande desordem, diante de um caos assustador. Os poderosos, os malvados e corruptos dominam tudo, por todos os lados se cometem injustiças, acontecem desgraças, as doenças se alastram, pessoas inocentes são vítimas de sofrimentos.
Há, também, em nossa vida momentos em que nos sentimos tragados pelas ondas de problemas e dificuldades. Isso acontece quando enfrentamos graves problemas na família (infidelidade do marido e da mulher, mau comportamento dos filhos, doenças, dificuldades econômicas) ou então quando nos desentendemos com os irmãos da comunidade, quando se espalham maledicências, calúnias, quando surgem incompreensões.
Nessas horas nos perguntamos: - Onde está Deus? - Onde está Cristo? - Por que não intervém? - Por que não mostra o seu poder? - Por que não faz justiça?
Parece mesmo, que Deus está dormindo. Sentimos que Ele está longe ou mesmo completamente ausente. Os seu silêncio nos desconcerta e nos causa medo.
“Mestre, estamos morrendo e tu não te importas?”, gritam os discípulos e acordam Jesus que estava dormindo sobre um travesseiro no fundo do barco.
Nós também gritamos por Deus e Jesus Cristo quando sentimos medo. Sentimos medo de acidentes, medo de assaltos, medo de doenças, medo do trânsito, medo de expressar nossos pensamentos, sentimentos, emoções, medo de perder a pessoa amada, medo da crítica, medo do desemprego, medo do futuro, medo da solidão, medo da morte, medo de sentir medo.
A pergunta que Jesus faz aos seus discípulos nos leva a pensar: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?”
Por que Jesus censura os discípulos, como se eles não tivessem fé nele? A falha que eles cometeram é a de se terem lembrado do Mestre, somente, quando se encontraram numa situação desesperadora. Quem acredita em Cristo está sempre em contato com ele, não recorre a ele somente quando a situação já está incontrolável.
Há cristãos que só pensam em Deus quando ficam doentes. Só então rezam com toda a devoção e lhe pedem para que venha socorrê-los. Será que esta fé é autêntica?
“Porque sois tão medrosos?” Será que Jesus está dirigindo está pergunta a você, também?
O medo é um cão perigoso, terrível, que morde quando temos medo dele.
O medo é a força negativa que faz acontecer o que o medo teme, assim como a fé é uma energia positiva que faz acontecer o que a fé espera.
Ter medo é ter mais fé no perigo do que em Deus. A vitória da fé é a vitória sobre o medo.
Existe uma saída? Existe uma terapia?
Sim! Para enfrentar o fantasma do medo, com confiança e coragem, é fundamental tomar consciência da presença de Deus em nós. Só Deus é a força invencível da vida, contra a qual nada nem ninguém pode. Sem esta convicção é impossível vencer “o gigante negro da alma”. Sem esta fé é impossível recuperar o equilíbrio, a serenidade, o sentido, a alegria de viver.
Só existe uma terapia, a terapia de abandonar-se às mãos de Deus, como cantamos: “Se as águas do mar da vida quiserem te afogar, segura na mão de Deus e vai. Se as tristezas desta vida quiseram te sufocar, segura na mão de Deus e vai”.
Os discípulos perguntaram: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”
E nós respondemos com fé: “É o Cristo ressuscitado que prometeu estar conosco todos os dias, porque somos filhos e filhas muito amados por Deus, porque nossa vida está em suas mãos”.
Frei Gunther Max Walzer, Ofm