Homilia - 10/05/2020 - V Domingo da Páscoa
Cada ano o calendário repete esta data: Dia das Mães. Este dia não é apenas uma data ou uma comemoração igual a tantas ouras, o Dia das Mães nos lembra de algo essencial da existência da vida, uma mãe nos deu a vida.
Cada ano flores, almoços, festas, presentes e telefonemas são expressão do nosso carinho e amor. As mães que estão vivas ganham palavras de carinho, beijos e abraços. As mães falecidas ressuscitam nas memórias e nas preces.
Neste ano o Dia das Mães é diferente. A pandemia mudou o comportamento nas comemorações e festas. Certamente, encontramos maneiras diferentes para prestar nossa homenagem, expressando assim nossa gratidão como filhos e filhas que somos.
Muito conhecido, mas sempre belo e significativo é este episódio: Uma mãe ensina seu filho como fazer o sinal da cruz. Pega sua mãozinha e leva à testa: "Em nome do Pai, FIlho e Espírito Santo. Amém. Repete comigo: "Mas, mãe, onde está a Mamãe?"
A presença física da mãe é importante, mas não é de importância menos importante para nós, sendo filhos e filhas de Deus, e para a vida cristã a presença da Mãe de Jesus. Ou seja: a devoção a Nossa Senhora não é absolutamente um ornamento a mais, mas é indispensável.
O mês de maio é dedicado à Nossa Senhora, Mãe de Jesus e, no dia 13 de maio, destaque especial recebe a devoção à Nossa Senhora de Fátima.
Foram três humildes pastores, filhos de famílias pobres, simples e profundamente católicas, os mensageiros escolhidos por Nossa Senhora. Os três eram analfabetos. Qual era mensagem transmita às crianças: Nossa Senhora pediu ao povo orações, penitências, conversão e fé.
A mensagem de Fátima foi um apelo à conversão, alertando a humanidade para não travar a luta entre o bem e o mal deixando Deus de lado, pois não conseguirá chegar à felicidade, mas, ao contrário, acabará destruindo-se a si mesma. Por isso Nossa Senhora dizia aos pastorzinhos: "Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores!”.
A mensagem de Fátima ainda é atual para o nosso tempo?
Em seu livro “Luz do mundo”, o Papa emérito Bento XVI disse que a mensagem de Fátima nos ajuda a “entender um momento crítico na história: aquele no qual se desencadeia toda a força do mal, que se cristalizou nas grandes ditaduras e que, de outra maneira, age ainda hoje”.
Para nós hoje, a resposta desafiadora a todos os erros cometidos no passado não consiste em grandes ações políticas ou científicas, mas, neste confronto atual com o coronavírus, podemos chegar a uma mudança de nossa sociedade somente através da transformação dos corações.
Nesse sentido, a mensagem de Fátima não está concluída, pois permanece o grande sofrimento de milhares de pessoas, resta a ameaça à vida de tantas pessoas, que se faz presente não somente através de guerras e da violência, da miséria e da morte, mas também nas ideologias: relativismo, ideologia de gênero, cultura de morte e tantos outros erros que corrompem as culturas e as sociedades pelo mundo todo.
Para fazer frente a todos esses males, mantém-se atual a resposta que nos foi dada na mensagem de Fátima, persiste a orientação que Maria nos revelou por intermédio dos pastorinhos. Como profetizou Nossa Senhora, nosso tempo está marcado por grandes tribulações. Hoje, o poder das trevas ameaça pisotear a nossa fé de todas as formas possíveis. Por isso, em nossos dias, como outrora, são necessários os ensinamentos que a Mãe de Deus transmitiu aos três pastorinhos.
No Evangelho de hoje, Jesus fala de Deus como “Pai”: “Casa do Pai”...; “ninguém vai ao Pai senão por mim”...; ”se vós me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai”...; “estou no Pai e o Pai está em mim”...
Quando Felipe quer saber como é o Pai de que Jesus tanto fala, Jesus responde com certa indignação: “Felipe, há tanto tempo estou com vocês e você ainda não me conhece? Quem me vê, vê o Pai!”.
Não podemos saber como Deus Pai é. Mas, quando olhamos para Jesus, podemos entender um pouco como Deus é. Nele estão os traços do Deus: a misericórdia para com os pecadores, oferecendo-lhes o perdão; o amor para com todos, sem excluir ninguém; a bondade para com os marginalizados; a solidariedade com os excluídos, os famintos, os pobres e marginalizados e diz que são eles os preferidos de Deus. Ele afirma que as prostitutas e publicanos entrarão primeiro no Reino de Deus. Propõe amar os inimigos e perdoar setenta vezes sete vezes. Finalmente, aceita até morrer na cruz, por amor. Acima de tudo, Jesus quer realizar o projeto de Deus: a construção do seu Reino, Reino de paz e harmonia, de amor e justiça.
No Evangelho de hoje, ouvimos também Jesus dizer: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”.
Grande é a oferta de caminhos. Muitos são caminhos falsos, caminhos errados, caminhos que enganam.
Há gente que escolhe o caminho da auto-suficiência, do orgulho e soberba. Dispensam Deus; não precisam de Deus.
Há gente que escolhe o caminho do dinheiro e dos bens materiais. Aos poucos percebem que o dinheiro não faz feliz. Esse deus é frio, sem vida, sem calor humano, sem amor.
Há gente que escolhe o caminho dos vícios: sexo, bebida e droga. O mundo vira um mundo fantástico. Cedo ou mais tarde, descobrem que tudo era ilusão, tudo era passageiro.
Há gente que gosta do caminho da televisão. Passam a vida na frente da televisão. Veem todos os filmes, todas as novelas, todos os programas. Veem tudo que se tornou algo que aliena a pessoa.
Há gente que resolve escolher os caminhos de tudo que existe-por-aí. Passam pelo espiritismo, pela magia, esoterismo, budismo e outros “ismos”. A felicidade, a paz, o sentido para a vida que procuram, sempre estão sentindo por uns momentos, mas é tudo passageiro.
Jesus revela que ele é o caminho seguro que leva ao destino de todos nós: o Pai. Este é o Caminho da Verdade e da Vida em plenitude.
Queridas mães, neste seu Dia lhe desejamos, que a seiva da fraternidade e do Amor de Deus, jamais pare de circular nas veias de seus filhos e de todos nós!
Frei Gunther Max Walzer