Main Menu
  • Início
  • Celebrações
  • Galeria de Fotos
  • Homilias Dominicais
  • Restauração
  • Visite-nos

Homilia - 11/09/2022 - XXIV Domingo do Tempo Comum

O Evangelho de hoje nos conta uma experiência muito comum em nossa vida: perder algo e reencontrá-lo.

Terrível e abominável é a guerra na Ucrânia com tantas perdas e danos. Crianças, adolescentes e famílias suportam meses de devastação e deslocamento de suas casas, cidades e da própria pátria. Meninas e meninos continuam a ser mortos, feridos e profundamente traumatizados pela violência ao seu redor. Escolas, hospitais e outras instituições continuam a ser danificados ou destruídos. Famílias foram separadas e vidas dilaceradas.

Quantas pessoas passam por uma sensação de angústia da perda. Como deve ser grande a angústia e a tristeza quando pais perdem seus filhos na fuga do terrorismo reinante em muitos países do Oriente Médio, na Ásia e na África. São, atualmente, milhares de crianças que foram acolhidas nos países da Europa sem pais e família.

As parábolas do Evangelho que acabamos de ouvir são respostas a alguns grupos de pessoas que se sentiam incomodados com os ensinamentos de Jesus, principalmente, com seu modo de agir, pois, para esses grupos, esses ensinamentos estavam destoando do que tinham aprendido e ensinado até então.

Com suas atitudes, Jesus escandaliza os escribas e fariseus porque está frequentando ambientes onde está em más companhias. Não só se encontra com pecadores públicos, mas até toma refeição com eles.

Lembramos que tanto publicanos como pecadores eram discriminados e desprezados na religiosidade judaica. Pecadores eram os publicanos porque cobravam impostos do povo por concessão do império romano opressor. Considerados pecadores eram pessoas que tinham conduta imoral: prostitutas, ladrões, assassinos. Mas não somente estes eram considerados pecadores, também os que exerciam uma profissão considerada impura pela religiosidade judaica: pastores de ovelhas, tecelões, enfermeiros que aplicavam sangrias, curtidores, navegadores, médicos, condutores de camelo e açougueiros. Os fariseus também consideravam pecadores todos os que não seguiam as regras farisaicas.

Assim, quem demonstrava amizade e intimidade com essa gente, tornava-se “impuro”, indigno de entrar na casa de Deus.

Jesus percebendo a situação, contou estas parábolas para dizer que ele está agindo como Deus age, como é correto. Porque Deus gosta de reencontrar o que tinha perdido. As parábolas contam então a busca de algo que se perdera: uma ovelha, uma moeda.

Com estas histórias Jesus quis não só evidenciar o valor de uma pessoa para Deus, mas também o fato de que Deus nos busca um a um, para sermos salvos um a um, e para cada salvo haverá muita alegria.

Jesus deixa claro para os fariseus e para nós: Se nós nos sentimos pecadores, perdidos, lembremo-nos que para Deus valemos mais do que as outras noventa e nove ovelhas. E no caso que se nos convertermos, saibamos que “haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão” ( Lucas 15,8-10).

Por que Jesus conta estas parábolas? Jesus quer nos mostrar o verdadeiro rosto de Deus com os traços da bondade e da misericórdia. Jesus sentando-se à mesa com os pecadores e excluídos da convivência é como o Pai do Filho Pródigo. Jesus responde com atitudes àqueles que o criticam porque acolhe pecadores e come com eles. Deus não exclui ninguém da salvação. Ainda mais: dá prioridade àqueles que são mais fragilizados, marginalizados e oprimidos pela sociedade. O que importa é que todos, independente do que seja ou onde esteja, venham acolher a salvação que Deus oferece.

O que aprendemos de tudo isso?

O que aprendemos do “Evangelho dos perdidos”?

As parábolas do evangelho deste dia nos colocam diante desta pergunta: “o que está perdido em mim?”

A experiência de perda marca a nossa existência de várias formas. Perdemo-nos do Pai e da casa paterna; perdemo-nos na fraternidade; perdemo-nos no tempo e nas decisões da vida...

É preciso tomar consciência da ovelha, da moeda e do filho perdidos em nosso interior. Dentro de nós não existem só coisas belas, harmoniosas e resolvidas. Encontramos dentro de nós sentimentos sufocados, muita coisa por esclarecer, há patologias, repressões... Tomemos cuidado para não projetar defeitos e problemas nossos nos outros! Há feridas para serem curadas, erros cometidos no passado a serem perdoados e não recalcados, memórias dolorosas que precisam ser deletadas; fracassos que não podem se transformar em sentimento de culpa...

Tenhamos a certeza que o amor misericordioso de Deus é capaz de perdoar tudo. Aliás, como nos diz o Evangelho de hoje nas parábolas contadas por Jesus: Deus faz festa quando nos encontra. Todos somos pecadores, todos somos ovelhas perdidas. Todos precisamos que Deus nos busque, nos perdoe, nos acolha, nos salve. Não por merecimento, mas porque Ele quer, porque Ele nos ama.

Frei Gunther Max Walzer

 

Copyright © 2011 Igreja São Francisco
All Rights Reserved.