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Homilia - 06/11/2022 - Solenidade de Todos os Santos

Há poucos dias celebramos o Dia dos Finados, quando recordamos todos nossos irmãos falecidos. Lembramo-nos, com muito carinho e, quem sabe, muita saudade, dos nossos falecidos. Visitamos os cemitérios, levamos flores, rezamos por eles. O “Dia dos Finados”, apesar da tristeza da separação que sentimos, é, de certo modo, um dia feliz. Confiamos na misericórdia de Deus e cremos que nossos falecidos se encontram com Ele, num grande e eterno abraço de amor.

Todos os anos, no dia primeiro de novembro, a Igreja honra todos os santos, conhecidos e desconhecidos. Os Santos “canonizados” oficialmente pela Igreja Católica são vários milhares. Mas existe uma imensa quantidade de Santos não canonizados, mas que já estão na presença de Deus no céu. A eles especialmente está dedicada esta festa de hoje.

Qual é o conceito de santidade que nós temos?

Falar de santidade, em nossos dias, é tratar de uma espécie de heroicidade de pessoas excepcionais. Em nossas igrejas e em nossa vida particular, veneramos santos e santas e, quase sempre, os distanciamos de nossas vidas concretas. Isso nos faz pensar: a santidade não é para mim. Os três conceitos, de certo modo, estão corretos. Ser santo, no passado, hoje e no futuro, exige heroísmo, porque o santo e a santa pensam e vivem de modo diferente do mundo. Por isso, muita gente considera que a santidade não é para nós.

A ideia atual de ser santo mudou graças ao documento “Lumen gentium” do Concílio Vaticano II (Lumen gentium, 39-42) e devido ao empenho do Papa João Paulo II. Além de todos aqueles que acreditamos estar no Céu, a busca da santidade faz parte da vida de todos nós e é nossa vocação de batizados.

Agora nos perguntamos: em que consiste essa vocação universal a ser santo? E como podemos realizá-la?

No “Sermão da Montanha”, Jesus nos mostra o caminho que nos leva à santidade. O texto das “Bem-aventuranças” (Mt 5,1-12) é, sem dúvida, um dos mais conhecidos dos evangelhos. Jesus sobe numa colina, faz sentar a multidão e começa a falar, mostrando oito caminhos que levam à felicidade. Jesus vem nos ensinar, através das “bem-aventuranças”, quem são os participantes do Reino, ou seja, quem são os santos e santas, aqueles chamados a constituírem o novo povo de Deus.

Tudo isso nos faz compreender que, para ser santo, não é preciso, necessariamente, ser bispo, padre ou religioso: não, todos somos chamados a nos tornar santos! Jesus declara ainda que o Reino está aberto a todos que apresentam atitudes bem-aventuradas, por isso, para ser santo não é necessário possuir dons ou capacidades extraordinárias.

Jesus vem mudar o nosso pensamento a respeito da felicidade e santidade. Pois o que para os nossos olhos humanos pode ser motivo de vergonha, humilhação, pobreza, tristeza e lamentação; para Deus é motivo de verdadeira alegria e felicidade.

Nós humanos agimos sempre em busca de uma recompensa, um reconhecimento ou, simplesmente, buscamos alcançar uma meta, um prazer... E é por saber disso que Jesus nos fala sobre as bem-aventuranças, as recompensas que teremos, não simplesmente na terra, mas no Reino dos Céus, na eternidade.

Podemos perguntar: de que valem as coisas da terra, se não nos ajudam a chegar ao Reino dos Céus, nem nos acompanham até ele? Nem sempre quem consegue ter muitos bens, o conseguiu de maneira justa; e estes bens não lhes trarão felicidade verdadeira e duradoura. Pois são recompensas terrenas, prazeres momentâneos, dinheiro que a traça corrói, ouro que o ladrão rouba, bens que ficam na terra e não trazem amigos verdadeiros.

E quem é considerado por Jesus “bem-aventurado” e feliz? Quem é chamado "filho de Deus”? Quem é que “verá a Deus”? De quem é o “Reino dos Céus”?

As pessoas felizes, os bem-aventurados, os cidadãos do reino dos céus, são os que têm um espírito humilde, são os “aflitos”, são os “mansos”, são os que têm “fome e sede de Justiça”, são os “puros de coração”, são os “misericordiosos”, são os “que promovem a paz”.

A “bem-aventurança” é uma promessa que já se inicia aqui na terra. A felicidade do Reino começa aqui e agora, entre nós.

Porém, no caminho da santidade não estamos isentos de adversidades, sofrimentos, renúncias, perseguições etc. É disso JZ’esus também fala: “Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de vocês”.

O discípulo de Jesus deve ter consciência das consequências de seu modo de agir: será hostilizado por aqueles que se negam a reconhecer os direitos dos outros, mas se alegrará com a promessa da posse do Reino dos Céus.

Como é diferente a lista de pessoas felizes que Jesus nos apresenta no Evangelho! Quem é que o nosso mundo considera feliz? Felizes são os que possuem mansões requintadas, carrões importados da marca BMW ou Mercedes, roupas de grife e de butiques caras, muito dinheiro e uma gorda conta bancária, quem tem muito prestígio, influência e poder. Ser feliz é o mesmo que possuir muitos bens e comprar tudo do bom e do melhor.

O nosso sistema social considera felizes os que se banqueteiam com fartura, mesmo sofrendo depois os males da supernutrição, de obesidade e diabete. A nossa sociedade admira quem vence os concursos de beleza, sacrificando a própria saúde por causa das aparências. Incentiva a concorrência e proclama espertos os que corrompem, subornam e enganam para passar os outros para trás e chegar na frente.

As bem-aventuranças constituem o programa de vida do discípulo de Jesus. Se quisermos uma cartilha do cristão, aí está. Se alguém preferir um manual para ser um verdadeiro cristão, é só aplicá-lo.

O Evangelho de hoje é um sério questionamento para todos nós. As bem-aventuranças de Jesus de Nazaré estão numa franca oposição aos critérios do nosso mundo. Será que eu e você seríamos aprovados no vestibular ou no exame das bem-aventuranças? Quem de nós vive a Sua verdade? Tentemos!

Frei Gunther Max Walzer

 

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