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Homilia - 12/02/2023 - VI Domingo do Tempo Comum

Nossa vida toda é organizada por leis. Nem sempre gostamos dessas leis, mas já pensaram o que seria da nossa vida sem as leis de trânsito? Mesmo com elas, a quantidade de acidentes e mortes é altíssima, imaginem sem elas. Na Igreja, também, temos leis. Quando éramos pequenos nos ensinaram, no catecismo, os mandamentos da Lei de Deus, os mandamentos da Igreja e muitos outros. Não observando os mandamentos, era pecado. Assim, facilmente se confunde a lei cristã com uma espécie de “código de trânsito” ou “código de comportamento moral”, onde tudo está proibido. Dessa forma, a lei torna-se algo muito antipático e até insuportável; algo que oprime e tira a liberdade pessoal. Seria este o ensinamento de Jesus?

Todos nós conhecemos os “dez mandamentos”, a lei dada por Deus ao seu povo por meio de Moisés. A maior parte desses mandamentos é de caráter proibitivo: fazer e não fazer.

O Evangelho nos apresenta um outro sentido da lei. Percebemos que Jesus não anulou os dez mandamentos, pelo contrário: Jesus mostra a seus discípulos a verdadeira importância da Lei. Mostra que o espírito da Lei é o amor.

Aqui está também a diferença entre o ensinamento de Jesus e o ensinamento dos antigos mestres judeus. A Lei de Deus, segundo o ensinamento de Jesus, não se resume em códigos e regras, mas no modo de agir, no modo como nos relacionamos com o outro.

Por isso, não nos enganemos a nós mesmos. Errado está quem avalia sua religiosidade pela frequência a uma missa dominical ou pela esmola dada a um pobre.

“Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal´.”

Jesus diz que não somente não matar é contra a Lei, este mandamento vai além da agressão física. Quem usa palavras ofensivas ou se deixa dominar pela ira, ou alimenta sentimentos de ódio já matou seu irmão.

Em certa ocasião,, o Papa Francisco comentou esta passagem do Evangelho, dizendo: “Jesus nos recorda que também as palavras podem matar! Não se deve ameaçar a vida do próximo, mas menos ainda derramar nele o veneno da ira ou feri-lo com a calúnia”.

Improvisando, o Papa acrescentou: “Quando se diz que uma pessoa é ‘linguaruda’, significa que faz mexericos. As fofocas podem matar a fama, o nome de uma pessoa; é tão feio difamar os outros. Se não fizéssemos fofocas, poderíamos ser santos. Queremos ser santos?” - perguntou o Papa aos fiéis. “Então evitemos mexericos”.

Outra consideração Jesus faz abordando o adultério.

“Não cometerás adultério!” No tempo de Jesus a mulher que fosse encontrada em adultério deveria ser apedrejada. E o homem? Quase sempre o parceiro nada sofria. Havia a falsa mentalidade de que o homem era superior à mulher. Ao homem tudo era permitido.

Jesus, no trxto do Evangelho, alarga o conceito do adultério. Os judeus pensavam que a lei proibisse somente as ações adúlteras. Para Jesus, ao contrário, as exigências deste mandamento são muito mais profundas. Adúltero é que tem um coração malicioso.

Quantos adultérios são praticados quando se assiste a certos programas de TV! E aqueles que assistem a concursos de beleza, estão apenas olhando para a beleza? A moda feminina, principalmente no verão e no carnaval, somente valoriza o recato da pessoa? Qualquer programa humorístico ou piada é humor inocente?

Não só o corpo peca, muito mais a mente desviada para o prazer sexual.

Valores eternos como maternidade, amor conjugal, respeito mútuo caem quando o coração é adúltero, quando o corpo é só objeto e perde seu valor de “imagem e semelhança de Deus”.

O ensinamento do Mestre Jesus é diferente dos antigos mestres porque Jesus não coloca o centro da Lei na “proibição ou permissão”. Para Jesus, o centro da Lei que vem do Evangelho é a pessoa humana, é o outro com quem me relaciono no cotidiano de minha vida.

E o Evangelho termina com as palavras: “Seja o vosso ´sim´ sim, e o vosso ´não´ não”.

Já perceberam o conteúdo maravilhoso que está na palavra “sim”? Com um “sim” de Deus, começou o mundo. “Faça-se a luz! E a luz se fez.” Com o “sim” de Maria realizou-se a Encarnação do Filho de Deus, maior obra de Deus depois da criação. Um novo “sim”, o “sim” de Jesus no Horto das Oliveiras nos trouxe a Redenção.

Outro “sim” lindo é o “sim” do casal quando homem e mulher se doam um ao outro para sempre no matrimônio.

Há o “sim” dos sacerdotes, das religiosas, mas também o “sim” silencioso de tantos doentes com enfermidades crônicas e incuráveis. O “sim” determina a vida heroica de tantas mães de família.

O “não, às vezes, pode ser o “sim”, quando se diz um “não” ao pecado, quando se escolhe fazer o bem e se repudia o mal.

Jesus nos diz hoje que nossa vida inteira deve ser um “sim”, nas palavras, nas atitudes e no modo de viver.

Vemos tanta “verdade” camuflada nos discursos onde o “sim” não é verdade, mas mentira!

Nossa lição de vida tirada das palavras de Jesus deve ser esta: Não perguntemos o que é proibido ou o que é permitido, mas como posso amar mais, sempre mais o outro. Lembro-me de uma palavra de Santo Agostinho: “Ame e faça o que quiser!” Esta frase exprime, exatamente, o que Jesus coloca como fundamento de todos os mandamentos. O amor é a única medida de nossas palavras e atos.

Amar é muito mais do que dar algo do que sobra. É dar algo de nós mesmos, de nosso tempo, de nossos conhecimentos, de nossa experiência. É dar o que temos e o que somos.

“Ame e faça o que quiser!” se tudo o que faço é expressão de amor, então, de fato, tudo o que faço é correto e bom.

Frei Gunther Max Walzer

 

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