Homilia - 08/10/2023 - XXVII Domingo do Tempo Comum
Propositalmente, na quarta-feira passada, na festa de São Francisco de Assis, foi aberto o Sínodo da Igreja cujo tema é a “Sinodalidade da Igreja”. Este Sínodo abre uma reflexão sobre o “caminhar juntos” num tempo marcado pelas guerras, pobreza, migração, mudança climática, crise econômica problemas de saúde.
Este Sínodo de 2023 é histórico. Por que?
O Sínodo convocado pelo Papa Francisco é histórico porque o Pontífice resolveu que a conversa com os Bispos será o último passo de todo processo sinodal. Com o intuito de seguir fielmente a proposta do termo “sínodo”, que é sobre “caminhar juntos”, Francisco resolveu abrir o espaço de voz para toda a Igreja, desde a sua base nas comunidades paroquiais. Desta forma, a Assembleia Sinodal será o resultado de todas as etapas vividas desde as dioceses e arquidiocese de todo o mundo.
O texto do Evangelho nos diz que somos filhos e filhas do mesmo Pai. Estamos todos trabalhando na mesma vinha onde se deve colher os frutos da fraternidade e solidariedade. Na parábola de Jesus, o dono da vinha manda buscar os frutos da colheita. Seus primeiros mensageiros são maltratados, um até é assassinado. Com os demais mensageiros acontece o mesmo. E Jesus lembra as Escrituras e a atividade dos profetas, que tinham vindo alertar o povo em tempos passados. Agora Jesus acrescenta um dado novo; nos últimos tempos, não é um profeta que vem; o enviado agora é o Filho do dono. A sorte dele não será melhor. Pelo contrário: por ser considerado “mais perigoso”, mais rapidamente trama-se a sua morte.
O que nos ensina esta parábola?
Cada um de nós deve considerar-se um operário da vinha. De cada um de nós serão exigidos os frutos. Se não soubermos produzi-los, seremos condenados como os agricultores da parábola. Nunca esqueçamos que não somos os donos da vinha, apenas administradores. O dono é Deus.
Vamos responder agora com sinceridade: quais são os frutos que produzimos e que nossas comunidades produzem hoje? Produzimos justiça, amor, paz, felicidade?
Produzimos felicidade para todas as pessoas ou nos restringimos a vir à missa, a cantar lindas músicas e a fazer orações feitas de palavras e de gestos desligados da vida?
Estes frutos de solidariedade e de fraternidade, como nos ensina esta parábola, não devem ser só de algumas pessoas isoladas, mas de toda a sociedade, de toda a vinha; o proprietário queria ver toda a sua vinha com frutos maduros, e não só umas poucas videiras. O discípulo de Jesus tem sempre consciência de que é a comunidade na qual ele vive que deve produzir frutos de solidariedade, justiça e fraternidade.
Na Carta aos Filipenses (Fl 4,6-9), São Paulo nos dá uma série de conselhos que nos ajudam a dar bons frutos na Vinha Nova do reino de Deus: “Ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor”.
Quando vivemos isso, estamos implantando o Reino de Deus no mundo e, ao mesmo tempo, entregando a Deus os frutos que ele espera de nós.
E como conseguir isto, se nossa influência é tão pequena, se não somos governantes nem deputados, nem fazemos as leis? Como fazer com que nosso fruto não permaneça fechado dentro de nós mesmos, mas sirva a toda a sociedade?
É verdade que não podemos influir em toda a sociedade; mas podemos influir numa pequena parte dela, num lote (assim como a vinha se divide em lotes). No nosso trabalho, no meio em que vivemos, na família, na comunidade, podemos semear solidariedade, retidão, paz, cristianismo. Podemos tornar o nosso pequeno lote uma fraternidade, uma pequena imagem do Reino de Deus.
E, se todos os cristãos cumprissem com o seu dever de semear bons frutos em seu pequeno lote, a vinha inteira, a sociedade inteira se aproximaria cada vez mais do sonho de Jesus, e dos frutos que eles espera de seus discípulos.
Frei Gunther Max Walzer