Homilia - 07/01/2024 - Solenidade Epifania do Senhor
A festa de hoje, Epifania, popularmente, é conhecida como Festa dos Santos Reis. Na liturgia enfocamos a visita dos magos a Jesus recém-nascido em Belém.
Os magos, com seu conhecimento limitado, a partir da observação do céu, partiram em busca de algo novo que eles não conheciam. A orientação pelas estrelas era uma prática comum no oriente, de onde nos vem os signos dos horóscopos e do zodíaco, e o nome de muitas constelações.
Os sinais que aparecem na natureza manifestam indicações onde podemos encontrar Deus. Você pode alegar que não sabe ler os sinais dos astros e que a astronomia é uma ciência complexa e para poucos. Concordo com você e até mesmo incluo-me neste grupo de não entendedore de astronomia. Mas, tem um elemento que os astros continuam despertando em nós: a admiração.
Os magos viram uma estrela que eles não conheciam.
O meu primeiro pensamento tem a ver com a profecia de Isaias. O profeta está diante de um povo sem luz, um povo apagado, sem vida, porque a vida não brilhava mais dentro de seus corações. O povo havia passado anos e anos no exílio e agora retornava para sua pátria; mas retornava enfraquecido, como é natural depois de tanto tempo sendo explorado. Debilidade que provocava medo e, como sempre acontece com quem tem a autoestima baixa, medo de não ser capaz de reerguer-se como povo.
Em contextos diferentes, podemos avaliar o sofrimento daquele povo pelo sofrimento e pela desconfiança que vivemos no ano passado: desemprego de 12 milhões de pessoas, dívidas que não podem ser saldadas, ameaça de aumento de impostos... Tudo em decorrência de uma economia desumana, que em vez de iluminar nossas vidas, as escurece com o medo de perder o emprego, com a desconfiança de não poder pagar a dívida e assim por diante. Sintomas de um povo que sofre porque não tem uma luz capaz de iluminar sua vida.
O que fez Isaias? Foi a uma rede social para se queixar? Chamou os meios de comunicação para analisar a situação e criticar os políticos corruptos que colocaram o seu povo nesta situação? Quando Isaias percebeu o escurecimento do povo, então ele profetizou a luz.
“Levanta-te; acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor.
Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti” (Is 60,1-2).
Hoje, celebramos a festa da Epifania. Essa palavra significa "manifestação”. Mas, que manifestação é esta? Deus manifesta-se a todos os povos através de Jesus. Ele é o SALVADOR que veio para todos os povos e nações.
Esta luz é a presença de Jesus Cristo entre nós. O Evangelho de Jesus é a luz do mundo, aquela luz capaz de iluminar um novo tempo e uma nova sociedade. O próprio Jesus se apresenta como “luz do mundo”. Se nos deixamos iluminar pela luz do Evangelho, a luz de Jesus brilhará em nossas vidas e em nossa comunidade. Epifania é a manifestação da luz divina aqui na terra.
Os magos partiram para conhecer e homenagear um rei que eles não conheciam, de um reino cujas dimensões ignoravam.
“E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino” (Mt 2,7).
Quando os Reis Magos viram a estrela brilhando no Oriente entenderam que um novo Rei tinha nascido. Sendo guiados pela luz de uma estrela. Chegaram à cidade de Jerusalém e depois até o Menino.
O que levou estes homens a virem de tão longe e por quê deixaram o rei Herodes tão preocupado? Será que Herodes, morando tão perto, não soube das notícias do nascimento do Filho de Deus?
Herodes não pôde adorar, porque não quis nem pôde mudar o seu olhar. Não quis deixar de prestar culto narcisista a si mesmo, pensando que tudo começava e terminava nele. Não pôde adorar, porque o seu objetivo era que o adorassem a ele. Nem sequer os sacerdotes puderam adorar, porque sabiam muito, conheciam as profecias, mas não estavam dispostos a caminhar nem a mudar.
Assim muitos cristãos conhecem o Evangelho, mas nunca passaram pela experiência de se encontrar com Jesus. E quando este encontro não acontece também não há conversão e adoração.
Os magos puderam adorar, porque tiveram a coragem de caminhar e, prostrando-se diante do pequenino, prostrando-se diante do pobre, prostrando-se diante do insólito e desconhecido Menino de Belém, descobriram a Glória de Deus.
Os magos partiram para conhecer e homenagear um rei que eles não conheciam, de um reino cujas dimensões ignoravam.
“E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino” (Mt 2,7).
Poucos dias atrás festejamos o nascimento do nosso Salvador. Ainda, estamos vendo a luz que brilhou naquele “noite feliz”? Ainda, estamos seguindo aquela luz?
Melhor seria perguntar: - Que luz nós estamos seguindo?
- Que estrelas estão nos guiando? – Nós corremos atrás de quê? - Em que estamos investindo os nossos esforços? - Quais são as nossas prioridades?
Em que empregamos o nosso tempo, nosso dinheiro, nossas preocupações e o nosso trabalho?
Epifania é isso: A luz apareceu, Jesus veio para nos mostrar o caminho certo da vida e da nossa salvação. Os magos descobriram a luz e orientaram a caminhada da sua vida seguindo a estrela. Assim encontraram Jesus, o Salvador, se ajoelharam e o adoraram. Jesus veio ao nosso encontro, mostrando-nos o caminho da paz.
Frei Gunther Max Walzer