Homilia - 14/01/2024 - II Domingo do Tempo Comum
Há um ditado popular que afirma: “Quem procura acha”. Essa atitude de busca é fundamental na vida de todos nós. A vida é uma contínua busca. Quando desistimos de buscar, morremos. Os filósofos buscam o sentido da vida; há quem busca fórmulas quase mágicas de felicidade, e aí a pessoa pode ficar excessivamente crédula e correr atrás de promessas que iludem. Buscas nos conduzem a encontros e, também, desencontros.
No domingo passado, celebramos a solenidade da Epifania, da Manifestação de Deus. Os magos seguiram uma estrela em busca do novo rei dos judeus. Os magos partiram para conhecer e homenagear um rei que eles não conheciam, de um reino cujas dimensões ignoravam.
Encontraram o Menino de Belém, prostraram-se diante dele e o adoraram.
Os Magos puderam adorar, porque tiveram a coragem de caminhar e, prostrando-se diante do pequenino, diante do pobre e desconhecido Menino de Belém, descobriram a Glória de Deus.
No Evangelho, os discípulos estão buscando e esperando a vinda do Messias. Percebem na fala de João Batista um caminho sendo apontado.
João Batista, vendo Jesus que ia passando, apontou para ele e disse: “Aí está o Cordeiro de Deus!” (Jo 1,36).
Com essa observação, o discípulo João ficou curioso e, espontaneamente, foi atrás de Jesus com André. Jesus percebe os dois e pergunta: “O que vocês estão procurando?”.
Eles respondem com outra pergunta: “Rabi, onde é que o senhor mora?”. Reconhecendo que Ele tinha algo a ensinar, chamam Jesus de mestre. Queriam ficar com ele para ouvir seus ensinamentos.
“Venham ver!” — disse Jesus.
Essas palavras de Jesus não são apenas um convite, mas ocorreu um encontro que mudou profundamente a vida dos dois discípulo porque, a partir daquela hora (definida precisamente como a décima hora, ou seja, às quatro horas da tarde), começam a viver, a morar com ele.
Os dois acompanham o Mestre, conversando com ele até altas horas da noite. Qual deve ter sido a conversa de Jesus com seus futuros apóstolos? João guarda o silêncio e nunca contou algo a respeito.
No dia seguinte, os dois levam outros dois: João leva seu irmão Tiago; e André leva seu irmão Pedro.
Assim nasce a vocação dos discípulos. É assim que alguém encontra o que procura e segue para ver onde mora e ouvir o que ele diz. Aqui está o caminho que nos coloca no caminho de Jesus, que abre nossos olhos para ver onde Jesus mora.
Os dois discípulos perguntaram: “Mestre, onde é que o senhor mora?”. Jesus responde: “Venham ver!”.
O texto do Evangelho nos apresenta Jesus passando e caminhando em nossas ruas e estradas barulhentas e movimentadas. Ele continua andando entre nós e nos pergunta: “O que você está procurando? Qual é o seu desejo mais profundo?”.
Desse modo, Jesus mostra que o seu seguimento não pode ocorrer por encanto, por uma paixão, por uma simples escolha de pertencimento a um movimento religioso.
Antes de querermos seguir Jesus, precisamos nos perguntar, se ele é necessário para minha vida. Existe uma pergunta atrevida, mas necessária e pertinente: — eu tenho necessidade de Jesus? Eu tenho necessidade que Jesus seja o Mestre de minha vida? Se você não sentir essa necessidade, muito possivelmente você será uma pessoa religiosa que reza, que faz promessas e pedidos a Jesus, mas ainda não é aquele cristão que Jesus gostaria que fosse, porque ainda não se tornou discípulo de Jesus. Pode até viver na Igreja, mas o Evangelho não vive dentro de você. Pensemos bastante sobre isso durante essa semana e consideremos, sinceramente, se o Evangelho vive dentro de cada um de nós e se Jesus é nosso Mestre.
Hoje, o Senhor nos convida novamente: “Venham ver!”. Em meio aos conflitos, desejos e sonhos das pessoas com quem convivemos, em meio às noticias negativas que chegam aos nossos ouvidos, em meio à realidade contrastante que nos deixa muitas vezes perplexos, Jesus está nos convidando a ir e ver sua casa, seu rosto, suas escolhas, seus valores, sua vida.
Tenhamos a coragem de seguir o convite dele e, com certeza, ele nos vai dar uma resposta aos nossos anseios e desejos mais profundos.
Assim, também, contagiados pela presença de Cristo, sejamos uns para os outros sua morada, sua presença, em nossas palavras, valores, escolhas, atitudes...
Sua casa é morada de Jesus?
Frei Gunther Max Walzer